“Para vocês que não conhecem Maya Gabeira, ela é uma…lunática”.
Foi assim, com humor, que a surfista brasileira foi apresentada ao público na Conferência do Oceano da ONU, em Lisboa, nesta segunda-feira (27). Isto porque a atleta é conhecida por pegar ondas gigantes, como a surfada em Nazaré em 2021, com impressionantes 22,4 metros, número que lhe rendeu um novo recorde mundial.
No evento da ONU, Maya Gabeira foi nomeada embaixadora global da Unesco para a conservação dos mares.
Em entrevista ao g1, a atleta lembrou que o seu recorde ocorreu após a recuperação de um grave acidente que ela sofreu na mesma praia, em 2013, e que a deixou parada por quatro anos. Para ela, a mesma recuperação pode ocorrer na conservação dos mares.
“Eu tiro inspiração [para a conservação do oceano] porque eu entendi a força do mar. Eu tive que ter muita resiliência para superar tudo aquilo, e eu acho que o mar é muito resiliente. Se a gente der uma chance para ele se recuperar, a gente vê o que acontece em 5, 10 anos, em áreas protegidas. Dá para fazer uma transformação muito grande”, disse a surfista, em entrevista ao g1 em Lisboa.
O título de embaixadora do oceano e da juventude foi entregue à Maya Gabeira pela diretor-geral da Unesco, Audrey Azoulay, durante um congresso internacional sobre conservação marinha em Lisboa.
A surfista se disse honrada com a nomeação concedida pela agência da ONU.
“Ainda estou tentando processar. O trabalho vai ser longo, mas estou super animada. Para mim, estar surfando é a parte do meu trabalho que eu mais gosto, mas tem essa parte muito importante que é falar dos oceanos e tentar contribuir para resolver o problema que a gente tem “, explicou.
Segundo Maya Gabeira, os efeitos da ação humana e das mudanças climáticas no oceano já podem ser sentidos na pele por pessoas que passam boa parte das suas vidas dentro d’água.
“A gente tem a poluição, a pesca ilegal, a destruição de habitat, e são questões que estão muito próximas de mim porque eu vivo neste ambiente. E é um ambiente que está sofrendo. A gente já sente a falta de vida no mar, já é uma coisa que eu vejo também, está no meu dia a dia. Vai ser gratificante poder colaborar de alguma maneira”, contou.
“O mar já está em um estado de pedir socorro”, afirmou.
A ideia da surfista é aproveitar sua comunidade nas redes sociais e sua visibilidade como atleta para divulgar questões importantes para a conservação do mar.
“Eu espero realmente poder entregar um trabalho a altura deste título. Só de ter esse título eu já ganhei na vida”, brincou.
“Eu espero poder ser uma voz forte e ser um exemplo das transformações que eu tenho feito na minha vida e poder inspirar os outros a fazer o mesmo”, disse.
Fonte: G1