Quanto a Terra poderia aquecer sem que os riscos causados para a humanidade sejam tantos que tornem impossível morar no planeta? Uma nova pesquisa liderada pela Universidade de East Anglia, na Inglaterra, procurou quantificar os benefícios de tentar limitar o aquecimento global a 1,5°C para manter uma qualidade de vida menos exposta a perigos naturais.
Escassez de água e estresse térmico, doenças transmitidas por vetores, inundações costeiras e fluviais, efeitos nos rendimentos agrícolas e economia — essas são algumas das situações que seriam ainda mais recorrentes se ao invés de 1,5°C, o aquecimento ocorresse em 2°C ou até 3,66°C.
O estudo, publicado na revista Climate Change, no dia 29 de junho, segue o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que conclui que as emissões globais zero de CO2 devem ser alcançadas no início da década de 2050 para limitar o aquecimento a 1,5°C e, por volta do início da década de 2070, para limitar o aquecimento a 2°C.
O time de pesquisadores concluiu que, os riscos no aquecimento de 3,66°C são reduzidos em 26-74% se, em vez disso, o aquecimento for mantido em apenas 2°C. Eles são reduzidos ainda mais, em 32–85%, se o aquecimento puder ser limitado a apenas 1,5°C. Os intervalos são amplos porque a porcentagem depende de qual dos indicadores está sendo considerado, por exemplo, exposição humana à seca ou inundação.
Outro indicativo realizado pelo estudo é o de hotspots em risco no futuro. Os autores identificam a África Ocidental, Índia e América do Norte como regiões onde os riscos causados pelas mudanças climáticas devem aumentar mais com 1,5°C ou 2°C de aquecimento global médio até 2100.
“Nossas descobertas são importantes porque a meta do Acordo de Paris é limitar o aquecimento global a ‘bem abaixo’ de 2°C e para 1,5°C. Isso significa que os tomadores de decisão precisam entender os benefícios de apontar para o valor mais baixo”, alerta Rachel Warren, da Universidade de East Anglia, em comunicado.
Algumas das descobertas do estudo também incluíram os dados de que a exposição da população global à malária e à dengue, por exemplo, seria 10% menor se o aquecimento for limitado a 1,5°C em vez de 2°C. Além disso, números mais elevados de temperatura colocariam mais até 88 milhões de pessoas por ano em risco de inundações costeiras globalmente em 2100.
O estudo utilizou 21 modelos climáticos alternativos para simular os padrões regionais de mudança climática correspondente ao aquecimento de 2°C e aquecimento de 1,5°C, respectivamente.
Fonte: Galileu