Aquecimento global e noites mal dormidas podem impactar nossa imunidade

Pesquisador alerta que pessoas de baixa renda e idosos são os que mais registram queixas de problemas de saúde associados a mudanças climáticas e distúrbios do sono

Noites quentes podem contribuir para uma resposta imune baixa até mesmo em pessoas vacinadas (Foto: Wikimedia Commons )

Uma nova revisão da literatura sobre mudanças climáticas e desordens de sono pode ajudar a entender quais como o aquecimento global e noites mal dormidas podem impactar o sistema imunológico humano. Produzido por Michael Irwin, professor de psiquiatria da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), o relatório foi publicado na edição de agosto da revista científica Temperature.

“Ninguém havia anteriormente reunido essa noção de que a atual crise climática está contribuindo para os distúrbios do sono e que possivelmente está contribuindo para o risco alterado de doenças infecciosas que estamos vendo”, comenta, em nota, Michael Irwin, também diretor do Cousins ​​Center for Psychoneuroimunology, da UCLA.

Segundo o pesquisador, a relação entre uma noite mal dormida e uma tendência a doenças vem do fato de que o sono ajuda o corpo a se proteger de possíveis lesões ou infecções que possam ocorrer no dia seguinte.

Portanto, quando se tem uma interrupção no sono, há um aumento do risco de inflamação, provocando uma diminuição na capacidade do corpo de combater infecções. O papel das noites quentes na análise está relacionado com o fato delas serem um fator que dificulta noites de sono adequadas.

Dados de cerca de 765 mil pessoas nos Estados Unidos mostram que altas temperaturas durante a noite aumentam os registros de queixas de noites mal dormidas, que são mais frequentes durante o verão e entre pessoas de baixa renda e idosos.

Ademais, a literatura sobre sono e sistema imune também aponta que as atividades bacterianas também são afetadas pela regularidade do descanso noturno. Pesquisas básicas indicam que noites de sono mais longas levam a uma diminuição na carga bacteriana, por exemplo.

“Assim como a pandemia está impactando desproporcionalmente grupos étnicos e desfavorecidos socioeconômicos com resultados mais mórbidos, pode ser que o aumento da temperatura ambiente que estamos vendo esteja aumentando ainda mais esses perfis de risco”, comenta Irwin. 

Para o futuro, Irwin acredita que pesquisas que abordam tópicos de saúde, como infecções virais ou bacterianas, devem avaliar também questões climáticas e distúrbios do sono. O pesquisador ainda alerta o aumento da temperatura ambiente pode afetar comunidades diversas e desfavorecidas.

Fonte: Galileu