Desde meados de junho, o Paquistão enfrenta graves consequências de enchentes resultantes da crise climática. Os danos são visíveis em imagens captadas por satélites da Nasa, divulgadas nesta quarta-feira (31) pelo Earth Observatory, da agência espacial norte-americana.
As fotos mostram as piores inundações deste a última década no país, originadas por monções extremas. Segundo a Autoridade Nacional de Gestão de Desastres do Paquistão, as enchentes já afetaram mais de 33 milhões de pessoas e destruíram ou danificaram mais de 1 milhão de casas.
A tragédia climática matou pelo menos 1,1 mil pessoas e inundou dezenas de milhares de km². De acordo com a ReliefWeb, cerca de 150 pontes e 3,5 km de estradas foram destruídos. Mais de 700 mil animais morreram e 2 milhões de acres de plantações e pomares também foram perdidos.
As imagens (abaixo) provenientes dos instrumentos Operational Land Imagers, a bordo dos satélites Landsat 8 e Landsat 9, mostram os estragos em 4 e 28 de agosto. Coloridos artificialmente, os registros combinam infravermelho de ondas curtas, infravermelho próximo e luz vermelha para distinguir os canais naturais das águas das chuvas, que aparecem em azul profundo.
Segundo o Earth Observatory, as inundações foram mais graves ao longo do rio Indo, nas províncias de Punjab, Khyber Pakhtunkhwa, Baluchistão e Sindh. Essa última, junto de Baluchistão, receberam, só neste ano, de cinco a seis vezes a precipitação média prevista para 30 anos.
Outra foto (veja abaixo), captada em 31 de agosto de 2022 pelo equipamento Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS), do satélite NOAA-20, mostra a extensão das enchentes na região das províncias. O registro é uma combinação de luz infravermelha e visível, que facilita enxergar onde os rios estão fora de suas margens e se espalham pelas planícies por causa das monções.
O efeito das chuvas torrenciais piorou devido ao contínuo derretimento de 7 mil geleiras do país, que detém o gelo mais glacial encontrado fora das regiões polares. Por conta das ondas de calor, o degelo, somado à água das monções, inundou barragens, reservatórios e canais. Na parte acidentada do norte paquistanês, encostas se transformaram em colinas torrenciais.
O problema é tão grave que os satélites revelaram sérias mudanças nos distritos de Qambar e Shikarpur, na província de Sindh. De 1º de julho a 31 de agosto, esses locais receberam 500% mais chuvas do que a média.
Em 30 de agosto, o governo paquistanês declarou emergência nacional e, junto do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, pediu ajuda humanitária internacional.
Na mesma data, a Divisão de Enchentes da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres do Paquistão alertou para a probabilidade de inundações de “nível muito alto” no Rio Cabul, em Nowshera. O Rio Indo também estava com risco de atingir um nível muito elevado.
Em 31 de agosto, a autoridade do sistema do rio autorizou algumas liberações de barragens, porque a água ameaçava exceder a capacidade de vários reservatórios.
Fonte: Galileu