Satélites flagram efeito das piores enchentes desde 2010 no Paquistão

Inundações que já afetaram mais de 33 milhões de pessoas, matando pelo menos 1,1 mil, foram registradas pelos instrumentos da Nasa Landsat 8, Landsat 9 e NOAA-20

Imagens mostram o distrito de Shikarpur, na província de Sindh, no Paquistão em 4 e 28 de agosto de 2022 (Foto: Earth Observatory/Nasa)

Desde meados de junho, o Paquistão enfrenta graves consequências de enchentes resultantes da crise climática. Os danos são visíveis em imagens captadas por satélites da Nasa, divulgadas nesta quarta-feira (31) pelo Earth Observatory, da agência espacial norte-americana.

As fotos mostram as piores inundações deste a última década no país, originadas por monções extremas. Segundo a Autoridade Nacional de Gestão de Desastres do Paquistão, as enchentes já afetaram mais de 33 milhões de pessoas e destruíram ou danificaram mais de 1 milhão de casas.

A tragédia climática matou pelo menos 1,1 mil pessoas e inundou dezenas de milhares de km². De acordo com a ReliefWeb, cerca de 150 pontes e 3,5 km de estradas foram destruídos. Mais de 700 mil animais morreram e 2 milhões de acres de plantações e pomares também foram perdidos.

As imagens (abaixo) provenientes dos instrumentos Operational Land Imagers, a bordo dos  satélites Landsat 8 e Landsat 9, mostram os estragos em 4 e 28 de agosto. Coloridos artificialmente, os registros combinam infravermelho de ondas curtas, infravermelho próximo e luz vermelha para distinguir os canais naturais das águas das chuvas, que aparecem em azul profundo.

Imagens em cores falsas acima mostram resultado de enchentes no Paquistão. (Da esquerda para a direita) As fotos foram adquiridas pelos Operational Land Imagers a bordo dos satélites Landsat 8 e Landsat 9 em 4 e 28 de agosto, respectivamente (Foto: Earth (Foto: Earth Observatory/Nasa)

Segundo o Earth Observatory, as inundações foram mais graves ao longo do rio Indo, nas províncias de Punjab, Khyber Pakhtunkhwa, Baluchistão e Sindh. Essa última, junto de Baluchistão, receberam, só neste ano, de cinco a seis vezes a precipitação média prevista para 30 anos.

Outra foto (veja abaixo), captada em 31 de agosto de 2022 pelo equipamento Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS), do satélite NOAA-20, mostra a extensão das enchentes na região das províncias. O registro é uma combinação de luz infravermelha e visível, que facilita enxergar onde os rios estão fora de suas margens e se espalham pelas planícies por causa das monções. 

A imagem acima, adquirida pelo Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS) no satélite NOAA-20 em 31 de agosto de 2022, mostra a extensão das inundações no Paquistão (Foto: Earth Observatory/Nasa)

O efeito das chuvas torrenciais piorou devido ao contínuo derretimento de 7 mil geleiras do país, que detém o gelo mais glacial encontrado fora das regiões polares. Por conta das ondas de calor, o degelo, somado à água das monções, inundou barragens, reservatórios e canais. Na parte acidentada do norte paquistanês, encostas se transformaram em colinas torrenciais.

O problema é tão grave que os satélites revelaram sérias mudanças nos distritos de Qambar e Shikarpur, na província de Sindh. De 1º de julho a 31 de agosto, esses locais receberam 500% mais chuvas do que a média.

Imagens mostram o distrito de Qambar, na província de Sindh, no Paquistão, em 4 e 28 de agosto de 2022 (Foto: Earth Observatory/Nasa)

Em 30 de agosto, o governo paquistanês declarou emergência nacional e, junto do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, pediu ajuda humanitária internacional.

Na mesma data, a Divisão de Enchentes da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres do Paquistão alertou para a probabilidade de inundações de “nível muito alto” no Rio Cabul, em Nowshera. O Rio Indo também estava com risco de atingir um nível muito elevado.

Em 31 de agosto, a autoridade do sistema do rio autorizou algumas liberações de barragens, porque a água ameaçava exceder a capacidade de vários reservatórios.

Fonte: Galileu