A paisagem do planeta Terra como conhecemos hoje, com grandes oceanos e vários continentes, está na verdade em constante mudança — mesmo que seja imperceptível a “olho nu”.
Mas, por meio de modelos desenvolvidos em um supercomputador, cientistas da Austrália e da China previram recentemente como poderá ser a Terra daqui a 200 a 300 milhões de anos: o Oceano Pacífico desaparecerá e surgirá um novo supercontinente chamado Amásia, ao redor do que hoje é o Polo Norte.
O cenário projetado por cientistas da Universidade Curtin, da Austrália, e da Universidade de Pequim, na China, prevê que as Américas se deslocarão para o oeste; a Ásia para o leste; a Antártida em direção à América do Sul; e a África se ligará à Ásia de um lado e à Europa do outro, formando a Amásia.
A projeção foi publicada em um artigo na revista científica National Science Review no final de setembro.
Supercontinente
“Nossos resultados mostram que, com o resfriamento do manto da Terra, a força geral dos oceanos se torna mais fraca, e o Oceano Pacífico encolherá o suficiente para se tornar um oceano menor do que os oceanos Atlântico e Índico”, diz o principal autor do estudo, Chuan Huang, do grupo de pesquisa em Dinâmicas da Terra da Universidade Curtin.
O nome “Amásia” deriva da crença de que a América poderá colidir e se fundir com a Ásia.
O último supercontinente que já existiu, conhecido como Pangeia, dividiu-se em continentes menores há cerca de 180 milhões de anos. Ele incorporava quase todas as massas de terra do planeta e era cercado por um oceano global chamado Pantalassa.
Os modelos de simulação criados pela equipe de Huang mostram que o Pacífico já está encolhendo alguns centímetros a cada ano.
O cientista prevê que a Austrália colidirá primeiro com a Ásia e, finalmente, se conectará às Américas depois de o Pacífico desaparecer.
Outros cenários
Anteriormente, possíveis novos supercontinentes já haviam sido previstos por pesquisadores, como Novopangea, Pangea Ultima e Aurica.
“100% de certeza é uma afirmação bastante forte e raramente usada na ciência, especialmente quando estamos falando de tendências evolutivas do complexo sistema terrestre, o qual só agora estamos começando a entender como um todo”, explica Zheng-Xiang Li, coautor do estudo.
“Todos os modelos diferentes sobre os quais você leu [incluindo nosso trabalho] são apenas hipóteses, e nossa previsão é baseada no resultado da nossa modelagem, que está vinculada ao nosso conhecimento atual e várias suposições”.
Estima-se que a Terra tenha cerca de 4,5 bilhões de anos. No ciclo geológico do planeta, movimentos dinâmicos e a fragmentação de continentes acontecem rotineiramente. É o movimento das placas tectônicas sob os oceanos que move os continentes.
E os humanos?
A recente pesquisa revelou que a litosfera oceânica (placa ou camada sólida de cerca de 100 km abaixo dos oceanos) tem uma grande influência em como um supercontinente se forma.
À medida que a Terra está perdendo lentamente seu calor interno ao longo de bilhões de anos, a crosta de 7 a 8 km de espessura no fundo do oceano parece ter se tornado mais fina com o tempo devido ao menor grau de derretimento do manto ao longo das dorsais meso-oceânicas.
“Os resultados dos nossos modelos, portanto, preveem que o futuro supercontinente Amásia só poderia ser formado com o fechamento do Oceano Pacífico”.
A formação e a desintegração de um supercontinente sempre teve um grande impacto no clima e no ambiente da Terra.
Em geral, a formação de um supercontinente leva ao rebaixamento do nível do mar, a redução da biodiversidade e a expansão de terras áridas no vasto interior do supercontinente.
Em contraste, durante a ruptura de um supercontinente, espera-se que o nível do mar aumente, assim como a biodiversidade e plataformas continentais que favorecem a vida.
“É difícil prever como será o ser humano daqui a centenas de milhões de anos, mas como um componente da biosfera da Terra, o ser humano continuaria a evoluir como a vida sempre foi”, diz Li.
“Confio que nossa inteligência superior e capacidade técnica nos permitirão adaptar às mudanças futuras, como fizemos no passado.”
Fonte: BBC