Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, avaliaram 80 rinocerontes, fotografados entre 1886 e 2018, e concluíram que seus chifres diminuíram de tamanho devido à caça intensiva ao longo de pouco mais de um século. As conclusões da equipe foram registradas nesta segunda-feira (31) na revista People and Nature.
Os cientistas fizeram as primeiras medições que mostram que os chifres de todas as cinco espécies de rinoceronte diminuíram gradualmente. As fotografias são do repositório online Rhino Resource Center, que tem mais de 5 mil lustrações e fotos de rinocerontes, incluindo do rinoceronte-branco, negro, indiano, rinoceronte-de-java e rinoceronte-de-sumatra.
Os chifres desses animais têm um preço alto e são procurados tanto como investimento financeiro quanto para uso em medicamentos tradicionais na China e no Vietnã. De acordo com os pesquisadores, caçar rinocerontes com os chifres mais longos deixou cada vez mais sobreviventes com chifres menores, que se reproduziram e transmitiram seus traços para gerações futuras.
Para Oscar Wilson, primeiro autor da pesquisa, os rinocerontes evoluíram seus chifres por uma razão. Diferentes espécies usam essas estruturas de modos diversos, como para pegar comida ou se defender contra predadores. “Então achamos que ter chifres menores será prejudicial à sua sobrevivência”, avalia o especialista, em comunicado.
Os chifres desses grandes mamíferos são tão valiosos que protocolos de segurança rígidos normalmente impedem que os pesquisadores os acessem para estudo. “Eles são provavelmente uma das coisas mais difíceis de se trabalhar na história natural por causa das preocupações de segurança “, disse Wilson.
Ao usarem as fotografias para medir outras áreas dos rinocerontes, incluindo o comprimento do corpo e da cabeça, os pesquisadores puderam mensurar o chifre dos animais em proporção ao tamanho corporal deles.
Os desenhos e fotos dos últimos 500 anos mostraram uma mudança dramática na percepção humana dos rinocerontes por volta de 1950, quando os animais se tornaram o foco dos esforços de conservação em vez da caça. Muitas centenas de fotografias revelam alguns deles mortos por caçadores, no final do século 19 e início do século 20.
Entre as fotos, está uma do presidente americano Theodore Roosevelt, tirada em 1911, de pé triunfante sobre um rinoceronte-negro que ele acabara de matar. Outras imagens mostram rinocerontes como animais enormes e assustadores perseguindo humanos.
Os autores do estudo acham que essas imagens ajudaram a justificar a caça desses animais. Conforme as fotos indicam, havia muito pouco esforço para promover a conservação de rinocerontes para o público antes da década de 1950.
Mas, depois disso, o foco de repente mudou de caçar os animais para tentar mantê-los vivos. Os pesquisadores dizem que essa mudança coincide com o colapso dos impérios europeus, quando os países africanos se tornaram independentes e os caçadores europeus não tinham mais acesso fácil à África para caçar.
Imagens mais recentes parecem refletir uma crescente conscientização sobre o tema. “Há pelo menos algumas décadas, tem havido muito mais foco na conservação dos rinocerontes – e isso se reflete nas imagens mais recentes, relacionadas à sua conservação em santuários ou sua situação na natureza”, afirma Wilson.
Fonte: Galileu