O papel da sociobiodiversidade para a economia brasileira

Hábitos seculares dos povos indígenas e populações tradicionais da Amazônia, a coleta de produtos encontrados no interior da floresta, como castanha, açaí e babaçu, e a produção de alimentos garantem a subsistência de mais de 2 milhões de pessoas no Brasil. Esses povos realizam atividades extrativistas dentro de áreas protegidas e, anualmente, movimentam mais de R$ 1 bilhão, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A economia de base florestal é uma das estratégias de conservação da biodiversidade. Ao mesmo tempo que cria mecanismos para o uso comercial dos recursos florestais, fomenta o desenvolvimento de cadeias de valor, que estimulam práticas de uso sustentável dos recursos naturais. Desta forma, a floresta em pé tem mais valor para as populações e para a economia brasileira.

E é fundamental reconhecer a importância e o papel dos povos da floresta na implementação dessa estratégia para a conservação da biodiversidade, afirma o secretário-executivo adjunto do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), Roberto Palmieri.

“Entendemos que, dentro das Unidades de Conservação (UCs), existem instrumentos capazes de fomentar transformações sociais e, ao mesmo tempo, conservar a biodiversidade brasileira, uma vez que essas populações extraem o seu sustento da floresta, com produtos não-madeireiros e o manejo florestal responsável”, ressalta.

Anualmente, mais de 350 mil toneladas de produtos não-madeireiros são extraídos da Amazônia legal brasileira. O principal produto é o açaí, com mais de 200 mil toneladas coletadas por ano, seguido pelo babaçu, com 79 mil toneladas, e pela castanha do Pará, com 37 mil toneladas.

O Imaflora desenvolve iniciativas para fomentar as cadeias de valor existentes na floresta, melhorando a qualidade de vida de populações tradicionais e povos indígenas. Das iniciativas, destacam-se: Florestas de Valor e Origens Brasil®, que buscam soluções para conectar essas pessoas ao mercado.

Atualmente, a atuação do Imaflora concentra ações nas três maiores porções de áreas protegidas do Pará, Amazonas e Roraima: o Xingu, Calha Norte e o Rio Negro. As atividades abrangem 92

milhões de hectares em 70 Terras Indígenas (TIs) e 44 Unidades de Conservação, incluindo Reservas Extrativistas (Resex), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Florestas Nacionais (Flonas), Florestas Estaduais (Flotas), Reservas Biológicas (Rebios), Estação Ecológica (ESEC), Parques Nacionais (PARNAs) e Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Além disso, também abrange nove Territórios Quilombolas e três Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS).

O Florestas de Valor e o Origens Brasil® contam com patrocínio da Petrobras, financiamento do BNDES / Fundo Amazônia, Gordon e Betty Moore Foundation e USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).

Serviços ecossistêmicos e mercado

Além de preservar uma riqueza genética incalculável, as florestas também abrigam uma série de serviços ecossistêmicos que, direta ou indiretamente, causam impacto à sociedade. Eles regulam a qualidade do ar, a temperatura e a sazonalidade das chuvas, por exemplo. Isso ainda sem levar em consideração a matéria-prima extraída através do manejo florestal responsável, como a madeira, a biomassa, os óleos, as frutas e os vegetais.

“Por fim, adicionamos um agente-chave de sustentabilidade nesta equação: o mercado. As empresas ambientalmente engajadas, que consomem produtos de origem florestal manejados em áreas protegidas, têm uma alta capacidade de impacto, capaz de influenciar cadeias de produção e nichos de mercado. Elas são aliadas na jornada de conscientização e de valoração das florestas como instrumento para promoção da qualidade de vida de produtores e consumidores”, completa Palmieri.

Sobre o Florestas de Valor

Florestas de Valor é um programa do Imaflora com o objetivo de fomentar atividades produtivas para a consolidação de áreas protegidas, conservar recursos naturais e valorizar populações tradicionais e agricultores familiares. O programa acompanha e também busca impulsionar atividades agroextrativistas na Amazônia, além de apoiar a estruturação de cadeias de valor e facilitar a sua inserção em mercados, que valorizam suas origens e atributos socioambientais.

Sobre o Origens Brasil

O Origens Brasil® é uma iniciativa que surgiu para dar mais transparência às cadeias de produtos da floresta e ajudar os consumidores a identificar empresas e produtos que valorizam e respeitam os territórios de diversidade  socioambiental. Funciona como uma plataforma colaborativa, que conecta produtores com compradores e consumidores finais. Seu desenvolvimento envolveu diversas instituições da sociedade civil, ligadas ao tema socioambiental e responsabilidade sociocorporativa. Sua administração é feita pelo Imaflora. Mais informações em: www.origensbrasil.org.br

Sobre o Imaflora

O Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), entidade civil sem fins lucrativos, que trabalha desde 1995 para promover mudanças nos setores florestal e agrícola, visando a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. Com atuação nacional e participação em fóruns internacionais, foi fundado em 1995 e tem sede em Piracicaba, interior de São Paulo. Saiba mais em: www.imaflora.org

Fonte: Imaflora