EXCLUSIVO: ONG publica avaliação da biodiversidade do Banco de Abrolhos, situado entre Espírito Santo e Bahia

Danielle Jordan / AmbienteBrasil

A ONG Conservação Internacional – CI-Brasil – acaba de lançar a 38a. edição do Programa de Avaliação Rápida – RAP na sigla em Inglês – que teve como objetivo realizar um levantamento das espécies e da biodiversidade do Banco dos Abrolhos, um alargamento da plataforma continental que tem início nas proximidades da foz do rio Doce, localizado no Espírito Santo, e segue até a foz do Jequitinhonha, na Bahia.

A pesquisa envolveu diversos pesquisadores que participaram de uma expedição realizada entre os meses de janeiro de fevereiro de 2000. A biodiversidade marinha do local é de reconhecida importância englobando nos seus 46 mil Km2, recifes de coral, bancos de algas, praias, restingas e manguezais.

De acordo com Carlos Eduardo Leite Ferreira, pesquisador do Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal Fluminense – UFF – e co-autor da publicação, o RAP é um processo básico para começar qualquer processo de manejo. Foram realizados levantamentos rápidos “para conhecer a área e sua importância em termos de costa no Brasil”, explica.

Entre as descobertas características biológicas diferentes e importantes, estão os corais de alta resistência, que não resistiram em outras regiões, como no Caribe.

Apesar da denominação RAP remeter à rapidez do processo, a pesquisa realizada em 2000 somente foi publicada seis anos depois. Segundo a assessoria de imprensa da CI-Brasil, isto se deve muito à complexidade dos levantamentos e ao rigor científico das análises e checagens de dados.

O pesquisador Paulo Paiva, do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – e também co-autor da publicação, confirma e diz que somente a checagem e avaliação, que foi feita no exterior, levou cerca de dois anos. Ele diz ainda que uma questão burocrática com o Ibama, na expedição de licença para coleta, também causou o atraso das conclusões.

Carlos Eduardo Leite afirma que muita coisa pode ter mudado na região, devido ao impacto da exploração de alguns recursos. “A velocidade com que se preservam os sistemas é menor que a dos impactos causados”, diz.

Mas o pesquisador Paiva acredita que, apesar do período extenso entre as pesquisas e a publicação dos resultados, as informações não estão defasadas, por mais que tenha ocorrido o aumento de algum tipo de impacto ambiental. Este teria abrangência pontual e não seria suficiente para influenciar no resultado total da área. Ele cita a construção do Porto de Caravelas, no município de mesmo nome, onde o estudo de impacto demonstrou que não houve comprometimento e não chega a atingir a área estudada.

A Conservação Internacional não tem uma previsão para continuidade do projeto, mas técnicos fazem o monitoramento baseados em indicadores mais sintéticos, segundo a assessoria de imprensa.

Biodiversidade

O Programa de Avaliação Rápida revelou cerca de 1.300 espécies, divididas entre os seis grupos pesquisados. A equipe encontrou pelo menos 17 moluscos e um peixe completamente novos para ciência, que estão sendo estudados. Quinze algas, dois corais, 86 poliquetos, 23 crustáceos e aproximadamente 100 espécies de peixes foram registradas pela
primeira vez em Abrolhos. “A expedição nos permitiu ter uma visão abrangente e nunca antes disponível da distribuição da fauna e flora da região”, afirma o pesquisador Clóvis Castro, do Museu Nacional da UFRJ.

Legislação associada:

Portaria Nº: 039/06 – São definidos os limites da Zona de Amortecimento do PARQUE NACIONAL MARINHO DOS ABROLHOS, bem como estabelece as normas específicas de uso e ocupação – IBAMA.