EXCLUSIVO – ONG trabalha para proteger as três espécies de tamanduá que ocorrem no Brasil

Mônica Pinto / AmbienteBrasil

Uma relação nascida na infância levou Flávia Regina Miranda a dedicar os últimos dez anos à proteção dos tamanduás. Hoje diplomada em Clínica e Manejo de Animais Selvagens pela Universidade de Tolima, na Colômbia, e mestranda no Departamento de Ecologia Aplicada da Esalq/USP, ela conta que o afeto por esses animais nasceu quando estudava em um colégio da cidade de Aquidauana, a cerca de 130 Km de Campo Grande (MS), nas proximidades do Pantanal. “Eu sempre recebia a visita de um indíviduo de Tamanduá-bandeira, ficava horas observando-o”, disse a AmbienteBrasil.

Numa dessas trajetórias do destino, no primeiro estágio da faculdade, em um zoológico, Flávia foi incumbida de cuidar de um filhote cuja mãe fora atacada por cães – segundo a especialista, uma das grandes causas de mortalidade desta espécie. “Então, tive certeza que era isso que eu queria”.

O carinho de Flávia chegou à prática em 2005, com a criação do Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás, coordenado por ela, cujo objetivo é desenvolver projetos em prol da conservação de xenarthros – leia-se tamanduás, tatus e preguiças.

Desde então, a ONG se dedica a estudos in situ (vida livre) e ex situ (cativeiro). No Brasil, existem três espécies de tamanduás, o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) que pesa aproximadamente 35 quilos e hoje integra a lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), na categoria “NT”, ou seja, quase ameaçado de extinção; o tamanduá mirim (tamandua tetradactyla), de aproximadamente oito quilos, e o tamanduaí (Cyclopes didactylus), que pesa cerca de 400g.

Um dos projetos, em parceria com o SESC Pantanal e apoio da Wildlife Conservation Society (WCS), avalia as áreas de vida dos tamanduás-bandeira, com ênfase para as principais doenças que acometem a espécie.

O Instituto desenvolve também um projeto com o tamanduaí – a menor espécie de tamanduás -, este com financiamento da IUCN e da WCS. “Trabalhamos no Nordeste, comparando esses espécimes com a população amazônica”, explica Flávia, antecipando que, no próximo ano, dará início a um novo projeto, na Reserva Biológica do Rio Trombetas, no Pará, financiado pela Fundação Boticário.

O Instituto é hoje também responsável pelo Studbook dos Tamanduás-Bandeira, catálogo dos indivíduos distribuídos por todos os zoológicos da América Latina.

Outro projeto avalia a saúde dos animais em cativeiros. “Por possuírem uma alimentação selecionada (formigas e cupins), essas espécies são vítimas de problemas nutricionais, já que não dispõem de uma dieta adequada em cativeiro”, diz Flávia.

(A foto da página inicial, de Fausto Pires de Campos, foi retirada do site do Instituto Butantan)