Pequenas ações capazes de transformar o mundo. A literatura utilizada para a conscientização ambiental de comunidades desfavorecidas economicamente. Um ganho ambiental e cultural.
Começa este mês o projeto Sarau Itinerante: Práticas Coletivas de Eco-Leituras, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O trabalho é desenvolvido a partir da leitura de obras literárias e contação de histórias inspiradas no meio ambiente. É destinado aos moradores de três bairros da cidade de São Carlos, em São Paulo: Romeu Tortorelli, Douradinho e Vila Isabel.
A ideia nasceu do encontro de três professoras da UFSCar: Professora Luzia Sigoli, Zaíra Regina Zafalon, ambas da Biblioteconomia e professora Irene Zanette de Castañeda do curso de Letras. Posteriormente se juntaram à equipe Luciana Gracioso, também da professora da Biblioteconomia e Sidney Barbosa, de Letras, da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Araraquara. Além dos professores envolvidos participarão ainda do projeto alunos, bolsistas da Biblioteconomia e do curso de Letras da UFSCar e da UNESP, além de agentes culturais dos bairros.
Após a leitura, a população será convidada a discutir os assuntos do encontro e poderão levar para casa livros que farão parte das discussões. Para a professora Irene Zanette de Castañeda, uma das coordenadoras, o projeto é importante por vários motivos: “Primeiro pelo emprego de metodologias que permitirão operacionalizar os saraus por meio da leitura de obras ficcionais, sua contação tanto por bolsistas como pelos moradores das casas”, diz, “posteriormente pelo incentivo à leitura, pela discussão do tema “Eco-Leitura” e, finalmente, pela prática da cidadania com relação ao planeta em que vivemos”.
Desde o segundo semestre de 2008 a equipe se reúne. As visitas aos bairros, que têm início este mês, estão previstas pelo período de um ano. Ao final das atividades os professores esperam ter sensibilizado a comunidade sobre a importância das questões ambientais e da mudança de hábitos, de acordo com Castañeda. “Esperamos, ainda, estimular o intercâmbio entre conhecimentos científicos e aqueles acumulados pelas comunidades e o possível surgimento de indicadores que poderão subsidiar políticas públicas de leitura”, completa.
Os resultados do trabalho ainda devem começar a aparecer, os alunos estão realizando pesquisas nas bibliotecas e nos catálogos especializados sobre as obras ficcionais relacionadas ao meio ambiente. “Com este projeto, não pretendemos mudar o mundo de uma hora para outra, mas plantar uma semente que há de brotar, crescer e frutificar na nossa região e, a partir daí, expandir-se pelo país e pelo planeta tão judiado pela inconsequência e alienação do povos dessa Terra”, conclui a professora.