Um estudo realizado durante quatro anos, pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia, Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, avaliou a qualidade da água do Rio Paraíba do Sul.
A conclusão da coordenadora do Laboratório de Controle de Poluição das Águas, Márcia Dezotti, é de que é preciso modernizar o tratamento de água no Estado. A pesquisa identificou a presença de atividade biológica hormonal na água não-tratada do rio. A situação oferece risco tanto à saúde humana, quanto à preservação ambiental.
Os hormônios são liberados no ambiente depois de excretados pelo organismo. Dessa forma eles se apresentam na forma inativa, mas a ação de bactérias fecais, presentes nos esgotos, pode convertê-los para a forma ativa. Parte dos hormônios são eliminados nas estações de tratamento. “Essas substâncias seguem, em baixas concentrações, mas são problemáticas porque têm ação biológica”, explicou a professora.
O Vale do Médio Paraíba, que abrange as cidades de Barra Mansa, Resende e Volta Redonda, apresentou a situação mais crítica, com ocorrência de hormônios na forma inativa, o que indica a possibilidade de despejo de esgoto doméstico bruto no local, ou tratamento inadequado.
O hormônio estradiol é um dos que mais preocupa os pesquisadores. Ele é capaz de alterar o funcionamento do sistema reprodutor em animais e até no homem. “O índice detectado nas amostras realizadas é suficiente para gerar distúrbios no sistema endócrino de seres humanos e provocar, por exemplo, a feminização de peixes. Mesmo em baixa concentração, o estradiol aumenta o risco de doenças como câncer de próstata, mama e útero, e pode ocasionar infertilidade”, alertou Dezotti.
A mesma pesquisa revelou que o Rio Guandu, que abastece 80% da Região Metropolitana do Rio, apresenta bons indicadores.
*Com informações da UFRJ.