Paraná debate situação energética frente a situação nacional

As informações de possível falta de energia elétrica ou seu aumento por custos alternativos de produção preocupam todos os segmentos da sociedade brasileira, e no Paraná esta situação levou a realização do debate o “Paraná frente a situação energética do país”, que se realiza de 22 a 24 de junho em Curitiba, com apoio de diversas entidades, como a Copel e a Itaipu.

O debate foca a questão técnica e o entendimento de que o Estado do Paraná mesmo sendo um dos maiores produtores, com cerca de 12 % do total, mas que por força do SIN (Sistema Integrado Nacional) e da Política de Segurança Energética não se traduz em auto suficiência e de que está imune a eventual crise de suprimento, distribuição ou geração.

Na economia a atração de empreendimentos para geração de emprego e renda dependem da disponibilidade de energia e estabilidade no seu fornecimento com preços competitivos.

No seu primeiro dia do evento nesta segunda-feira (22), o debate contou com o Presidente da Itaipu, Jorge Samek, o representante da Casa Civil do Paraná e ex-Secretário de Ciência e Tecnologia, Ramiro Wahrhftig, e do Presidente da Associação Comercial do Paraná, Dr. Antonio Miguel Espolador Neto, com os trabalhos sendo moderados pelo Engº Luciano Pizzatto.

Veja os principais pontos debatidos no primeiro dia:

Para Jorge Samek o problema atual é conjuntural e não estrutural, já que “vivemos o pior stress hídrico de toda a história”.

Segundo ele, projetos foram feitos com a possibilidade de apenas 5% do cenário atual. Mas a crise de 2001 gerou alguns investimentos que têm minimizado a atual crise. Porém, Samek alerta que a substituição de falta de água por térmicas cria um custo altíssimo e mais de 50% do preço de energia no país são impostos.

“O Brasil possui matriz energética invejável. A energia renovável no Brasil é de 41% no total, enquanto que nos países da OECD é de 9,4 % e a média mundial é de 13,4% . Só o setor elétrico renovável no Brasil é 78,4%, nos países da OECD 20,5% e média mundial é de 20,8%.

Jorge Samek explicou que a geração elétrica no país é produzida em sua maioria (64,1%) por hidroelétricas, seguida por gás natural (11,3%) e biomassa (6,6%). A biomassa gera na matriz de todas as energias 16,1% de cana de açúcar e 8,3% por lenha.

O SIN (Sistema Integrado Nacional) criou uma rede de cerca de 125 mil km de redes de transmissão cobrindo 99% da energia produzida no Brasil. A geração de energia no Brasil hoje é de 126.743 Mw e em 2015 deve produzir mais 6000 Mw.

Itaipu – A Itaipu tem a melhor localização hídrica do país. Segundo Samek, muito da chuva de Brasília para o Sul deságua em Itaipu, enquanto em Belo Monte só produzirá com capacidade seis meses por ano. A usina de Itaipu equivale a 560 mil barris de petróleo/dia ou 49 milhões de m³ de gás natural por dia. Além disso, a usina tem realizado o mais amplo trabalho de sustentabilidade e integração ambiental.

O Dr. Ramiro Wahrhftig, ex- Secretário de Ciência e Tecnologia do Paraná e representante da Casa Civil do Paraná, destacou a história da energia e seu ciclo das hidroelétricas e nucleares para renováveis como solar, eólico e outras.

Segundo ele, o Paraná pode influenciar a política nacional, mas não pode mudá-la. “Como alternativa criamos programas locais como o de energias renováveis com focos em PCHs , biogás, solar , eólica e biomassa.”

O Dr. Ramiro alerta que a tributação da energia na ponta do consumo gera prejuízos imensos ao Paraná além de injustiças sociais. Ele falou ainda da importância de acelerar o processo de licenciamentos ambientais.

“O Paraná ainda tem potencial com PCHs e biomassa de mais 2,8 Gwatts , com investimentos de cerca de R$ 10 bilhões”.

O Dr. Ramiro concluiu falando sobre os altos índices de radiação solar do Estado para uso fotovoltaico. “Curitiba possui índice superior ao de Florianópolis.”

Já o Presidente da ACP, Dr. Antonio Miguel Espolador Neto, explicou que falta uma política estável de preços no Estado. Ele vê uma tendência atual das empreses migrarem do Paraná para o Paraguai, pois o país vizinho possui uma energia mais barata.

O Dr. Antonio questionou o subsídio regional e sua justiça no momento atual, além de uma burocracia exagerada. “A soma do custo de energia elétrica e água subiu em um ano mais de 100%.”

O Dr. Antonio não acredita na redução da carga tributária, até mesmo por considerar inviável na atual situação dos governos estadual e federal.

A continuidade dos debates irá permitir maior entediamento deste complexo tema.

Informações do evento : http://www.ambientebrasil.com.br/e-mkt/debate_energia_2015/email-mkt.htm