Diante da plateia que o observava, o homem levantou uma pequena bola de pelos com olhos pretos arregalados.
“Um filhote de puma! Alimentado com mamadeira!” anunciou um leiloeiro do Mercado Pecuário Lolli Brothers em uma manhã no início de dezembro. Mas ninguém deu um lance.
O preço inicial caiu para US$ 200. O dono do puma, que estava dentro do ringue, balançou a cabeça. Esse valor era muito baixo. Mesmo assim, ele saiu de lá sem fechar a venda.
As pessoas que criam e vendem animais exóticos tem vivido um momento incerto devido a um episódio que aconteceu em outubro do ano passado, quando a polícia de Zanesville, Ohio, matou 49 animais exóticos, incluindo lobos, leões, ursos e 18 tigres de Bengala. Seu proprietário, Terry Thompson, um homem endividado, supostamente abriu suas gaiolas momentos antes de se matar.
O episódio gerou inquietação no público, que inicialmente direcionou suas preocupações contra: os policiais que mataram os animais, o governador de Ohio, John R. Kasich, por ter deixado expirar as restrições da propriedade de animais de estimação exóticos por pessoas com um histórico de crueldade com os animais, e com Thompson, cuja ação levou à morte de seus animais de estimação.
Agora o público está mais concentrado nos compradores e vendedores de animais exóticos, que disponibilizam seus “produtos” online e em lugares como o mercado Lolli Brothers, um dos muitos que realizam leilões especializados na venda de animais exóticos nos Estados Unidos.
De acordo com a Sociedade Protetora dos Animais dos Estados Unidos, Ohio é um dos sete Estados que não têm nenhuma lei que regulamenta a venda ou a posse deste tipo de animal.
Alguns dias após o episódio, Kasich assinou uma ordem executiva para aumentar os poderes dos agentes humanitários, fechou leilões não autorizados e colocou maiores restrições aos já existentes. Novas leis estão sendo elaboradas que proíbem aqueles que não são manipuladores profissionais de venderem este tipo de animal.
O potencial impacto destas novas restrições preocupam a comunidade de criadores e vendedores de animais exóticos.
“Eles fazem as regras e as leis porque alguém fez uma coisa errada uma vez”, disse Arden Johnson, um médico aposentado que chegou a ter um leão e um filhote de urso em seu rancho comercial. “E agora todo mundo sofre as consequências.”
Jack Hanna, que dirige o Zoológico e o Aquário de Columbus, está na comissão responsável pela elaboração das novas leis de Ohio.
Hanna disse que os possíveis riscos de se ter animais exóticos superam outros fatores em questão.
“Nós não estamos tentando acabar com o negócio de ninguém”, disse Hanna. “Mas uma pessoa comum não deve ter um animal exótico como um animal de estimação.” (Fonte: Portal iG)