A Igreja Católica alertou nesta quinta-feira para o risco de “etnocídio” na região amazônica da Bolívia, ameaçada por incêndios florestais como os de 2019, a produção de transgênicos e o novo coronavírus.
A área queimada intencionalmente para habilitar campos de cultivo poderia se multiplicar este ano, após o governo autorizar os transgênicos, em uma região cujos habitantes também estão desamparados devido à Covid-19, advertiu a Rede Eclesiástica da Amazônia Boliviana (Repam).
“Frente a realidades como os incêndios, a produção de drogas, o uso iminente de transgênicos e a vulnerabilidade dos povos e comunidades amazônicos ante o coronavírus, não é exagerado afirmar que estamos às portas de um etnocídio”, adverte o comunicado da Repam.
Baseada em uma medição de abril da ONG Fundação Amigos da Natureza, a Repam reportou que “os focos de calor aumentaram mais de 35% na Amazônia boliviana em relação ao ano passado”.
Segundo esta organização da Igreja Católica, um eventual colapso da região seria provocado por “interesses empresariais que fomentam incêndios e o plantio de transgênicos, a pandemia do novo coronavírus e o abandono do Estado, entre outros fatores”.
A ministra de Desenvolvimento Rural e Terras, Eliane Capobianco, defendeu hoje a decisão do governo transitório de autorizar o uso de transgênicos, e anunciou que trabalha em sua regulamentação.
Esta ampla região boliviana, na fronteira com o Brasil, foi cenário, no ano passado, de um incêndio florestal que destruiu 4,1 milhões de hectares de florestas e pastagens, incluindo mata virgem, em uma extensão do tamanho da Suíça. Os focos de incêndio, que saíram do controle, tiveram origem na queima de pastagens para ampliar a fronteira agrícola.
Fonte: AFP