Furacão Alex é novo golpe na ação contra vazamento de óleo nos EUA

O primeiro furacão desta temporada no Atlântico Norte está afetando a operação de combate ao vazamento de petróleo no Golfo do México, levando a empresa British Petroleum a adiar seus planos para aumentar a quantidade de óleo recolhido, e ameaçando jogar mais água contaminada na costa sul dos EUA.

O vazamento chegou ao seu 72º dia, e o impacto econômico e ambiental ainda não está totalmente claro, o que torna duvidoso também o futuro da própria BP

A população litorânea se prepara para as chuvas e inundações trazidas pelo Alex, que na terça-feira passou de tempestade tropical a furacão. O sistema deve chegar na noite de quarta-feira à região da fronteira México-Texas.
Praia vazia de Orange Beach, no estado americano do Alabama, nesta quarta-feira (30), à espera da passagem da tempestade.

A previsão de vento forte, chuvas torrenciais e ondas de até quatro metros levou a BP a paralisar a queima controlada do petróleo recolhido, os voos que lançam dispersantes químicos e a instalação de barreiras no mar.

O Departamento de Estado dos EUA disse que irá aceitar ofertas de ajuda de dezenas de países e agências internacionais para participar da tarefa de contenção e limpeza do vazamento.

Embora o furacão não tenha como atingir diretamente as plataformas petrolíferas no Golfo do México, ele levou várias empresas do setor a paralisarem suas atividades por precaução. Cerca de um quarto da produção de petróleo e 9,4% da produção de gás natural no Golfo do México foram paralisados, segundo autoridades dos EUA.

Mas, a 80 quilômetros da costa da Louisiana, a BP continua recolhendo o óleo que jorra e guardando-o em barcos, além de escavar dois poços auxiliares que, quando estiverem prontos, em agosto, devem permitir que o vazamento seja sanado.

O governo dos EUA estima que 4,2 a 7,2 milhões de litros de petróleo estejam vazando por dia. A BP tem capacidade para recolher 3,3 milhões de litros por dia, e espera elevar em breve essa capacidade para 6,3 milhões.

Desde o início do vazamento, a BP já perdeu cerca de US$ 100 bilhões na sua capitalização, uma queda de mais de metade no valor de mercado da empresa. Mas eventualmente o mercado parece avaliar que as ações atingiram um nível tão baixo que chegam a ser atraentes como opção de investimento.

Na quarta-feira, os papéis da BP registravam alta de 6,7% em Londres, negociados a 3,232 libras. Operadores dizem que a alta reflete uma suposta negociação para que a ExxonMobil adquira a BP.

Além da ExxonMobil, há rumores também de que a Royal Dutch Shell poderia comprar a BP.

Várias partes do sul da Louisiana e do Mississippi estão em estado de alerta contra inundações até a noite de quarta-feira. Nas áreas litorâneas, a maré está excepcionalmente alta.

Ao longo da costa do Mississippi, motoristas irritados tiveram de fazer desvios em algumas congestionadas ruas da orla, onde a água misturada ao óleo chegava ao pavimento.

Fortes ventos para o norte e a maré alta levaram bolas de piche e uma espuma marinha marrom para os quebra-mares que existem ao longo das principais vias litorâneas.

“Para mim já basta. Agora está chegando às ruas. Em seguida o óleo estará nas nossas casas. Fique vendo. Isso é o Katrina (devastador furacão de 2005) tudo de novo, só que pior”, disse Kelly Mills, que vive na região. (Fonte: G1)