Vida marinha é principal foco das pesquisas em São Pedro e São Paulo

A biodiversidade marinha atrai o maior número de pesquisas realizadas no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, afastado 1.010 km da costa brasileiro, encravado no Oceano Atlântico. Peixes, moluscos, recifes, mamíferos aquáticos e plânctons, tudo aqui tem alto valor ambiental e, segundo os pesquisadores, deve permanecer preservado.

Devido à sua localização geográfica, o arquipélago está na rota de migração de grandes peixes, como o tubarão-baleia e os atuns, entre eles o da espécie albacoara-da-lage (Thunnus albacares), considerado o peixe mais valioso dos arredores.

Mamíferos como baleias e golfinhos também rodeiam as ilhas, pois aqui encontram um banquete e podem se reproduzir sem risco de serem caçados.

Com alto grau de endemismo – quando as espécies que vivem apenas em um único local –, cientistas já encontraram na região do arquipélago cinco espécies de peixes recifais, que vivem nas regiões de recifes de corais. Um deles é o Stegastes sanctipauli, espalhado também nas poças de água do mar existentes em algumas partes da ilha. Por aqui também foram encontradas uma nova espécie de polvo e 19 moluscos inéditos para a ciência.

Mais descobertas – Entre 2003 e 2007, outras duas espécies marinhas que nunca haviam sido descritas também foram verificadas, o que reforça a importância de estudos mais detalhados da área, já que podem haver outros animais ainda sequer visualizados.

“São Pedro e São Paulo é uma região extremamente especial do ponto de vista zoogeográfico, de forma que a sua preservação é fundamental não apenas em razão da necessidade de se preservar a biodiversidade, mas para melhor conhecermos a dinâmica dos ecossistemas insulares e, consequentemente, de todo o oceano”, afirma Fábio Hazim coordenador científico do Proarquipelago e diretor do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Segundo o pesquisador, o isolamento geográfico contribui para a manutenção deste ecossistema e fomenta a discussão com a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), ligado ao governo federal. O objetivo é criar de medidas regulatórias para assegurar que a atividade pesqueira no arquipélago “não traga prejuízos indesejáveis, como uma possível proibição de captura de todas as espécies demersais e de tubarões”.

Biotecnologia – Além de peixes, cientistas analisam espécies de esponjas, relevantes para a preservação do patrimônio genético brasileiro. No futuro, essas pesquisas poderão trazer avanços biotecnológicos. Um exemplo é a espécie Discodermia dissoluta, que têm uma substância utilizada por farmacêuticos em testes pré-clínicos no combate ao câncer.

As anêmonas-do-mar também são estudadas, já que têm toxinas, que podem ser aplicadas em medicamentos voltados para tratamento de dor crônica em pacientes, como a ziconotide. (Fonte: Globo Natureza)