Há cinco anos o palmito de açaí liderava com 92% a exportação do setor para a Europa, com participação quase total do Pará. As restrições, principalmente ambientais, impostas pelos europeus, reduziram a participação paraense a apenas 2%, com perspectivas de diminuir ainda mais.
Atualmente, mais de 90% do palmito importado pela União Européia é produzido de pupunheiras e oriundo de países das Américas do Sul e Central.
Prevendo a possibilidade de o Pará voltar a ocupar lugar de destaque na exportação de palmito, a Faepa – Federação da Agricultura do Pará propôs ao governo paraense apoiar o cultivo de pupunheira com essa finalidade. O governador Simão Jatene sugeriu então o lançamento das bases para a criação da cadeia produtiva correspondente, o que aconteceu na quinta-feira (25), em Santa Izabel do Pará, onde já existem 1,3 milhão de pupunheiras plantadas.
Em dez municípios paraenses, já são 4 mil hectares de pupunheiras para palmito.
A Faepa propõe o plantio de 5 mil hectares de pupunheiras numa área que os técnicos denominam de Círculo das Palmáceas, que tem Belém como centro geográfico, de 31.400 quilômetros quadrados, ou 3,14 milhões de hectares, do qual fazem parte áreas totais ou parciais de 43 municípios – Abaetetuba, Acará, Ananindeua, Barcarena, Belém, Benevides, Bujaru, Cachoeira do Arari, Castanhal, Colares, Concórdia do Pará, Curuçá, Igarapé-Açu, Igarapé-Miri, Inhangapi, Marituba, Moju, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, Santa Bárbara, Santa Isabel do Pará, Santo Antônio do Tauá, São Caetano de Odivelas, São Domingos do Capim, São Francisco do Pará, São João da Ponta, São Miguel do Guamá, Soure, Terra Alta, Vigia.
O projeto da Faepa prevê a implantação de três viveiros para a produção de 25 milhões de mudas, a construção de três unidades de processamento, a demanda de investimento de R$ 57 milhões, captáveis internamente no Banco da Produção, Banpará, Basa, Banco do Brasil, BNDES, e no exterior, principalmente junto ao Bird – Banco Mundial e ao Rabo Bank, da Holanda, com retorno financeiro de R$ 15 milhões ao ano, a partir do 3° ano.
Está prevista ainda a geração de 3.500 empregos, dos quais 1.400 diretos.
O palmito movimenta R$ 1,5 bilhão por ano no mercado mundial. Só a União Européia consome o correspondente a R$ 480 milhões por ano. Os principais países importadores são: Argentina, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, França, Itália e Japão.
As condições são favoráveis ao desenvolvimento da pupunha para palmito no Pará, onde o clima privilegiado permite o cultivo sem irrigação, o solo possui excelentes propriedades físicas, propícias às palmáceas, não existem doenças ou pragas que comprometam economicamente a produção, a mão-de-obra é abundante e podem ser aproveitadas áreas alteradas. A outra boa perspectiva é a tendência crescente no consumo mundial, da ordem de 9% ao ano.
A idéia é envolver 400 pequenos produtores nesse projeto de implantação dos 5.000 hectares iniciais. Para isso, há necessidade de ser criado, imediatamente, um viveiro onde possam ser produzidas um milhão de mudas. Na próxima semana, a Faepa vai sugerir ao governo do Pará que proporcione o adiantamento imediato de crédito financeiro de R$ 1 milhão para a implantação do viveiro no município de Benevides, já que a melhor época de plantio de mudas é janeiro e elas levam de sete a oito meses para serem produzidas.
“Nós não podemos perder esta oportunidade que o mercado e as condições favoráveis estão nos oferecendo, para não lamentarmos depois”, adverte o presidente da Paraexport, Williams Wendt Faraco, um dos grandes entusiastas da produção de pupunheira para palmito. Foi em sua fazenda, Fronteiras de Guadalupe, em Santa Izabel do Pará, que aconteceu a cerimônia de lançamento do projeto na semana passada, com a presença de produtores rurais, empresários, técnicos, pesquisadores.
O engenheiro agrônomo Paulo Soares apresentou os pontos básicos do projeto. O arquiteto Afonso Rabelo mostrou o modelo de fábrica de palmito que está sendo construída na BR-316, em Benevides, com padrões de higiene e segurança exigidos em nível mundial.
O superintendente do Senar, Celso Botelho colocou a instituição à disposição dos produtores para qualificar a mão-de-obra necessária à execução do projeto. O presidente da Faepa, Carlos Fernandes Xavier, ao manifestar-se sobre a iniciativa, demonstrou crença no êxito do empreendimento. (Amazônia.org/ O Liberal)