A fibra extraída de uma planta nativa da Amazônia pode substituir a fibra de vidro convencional com vantagens ambientais e econômicas. Esta é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que teve início com o projeto de uma aluna do Instituto de Química (IQ), Karen Fermoselli, premiada no XI Congresso Interno de Iniciação Científica da universidade, realizado em 2003.
“A fibra de curauá (Ananas erectifolius) tem um custo inferior e densidade menor do que a fibra de vidro, além de ser obtida por meio de fontes renováveis e ser biodegradável”, disse o coordenador da pesquisa e professor do IQ, Marco Aurélio De Paoli, à Agência FAPESP.
A fibra de vidro, segundo o pesquisador, demanda um alto consumo energético para ser produzida, maior custo e maior agressão ambiental.
O estudo feito em Campinas comprovou que o plástico reforçado com a fibra de curauá, planta da família das bromeliáceas, é mais leve do que o plástico com fibra de vidro. Por conta disso, peças de automóveis produzidas com a fibra vegetal, por exemplo, tendem a ser mais leves, reduzindo o peso total e o consumo de combustível do veículo.
“A indústria automobilística sempre buscou substituir materiais resistentes por peças mais leves. E, neste ponto, nós verificamos mais um benefício ao meio ambiente, pois se o carro consumir menos combustível, a emissão de gases será menor”, disse De Paoli. Segundo o pesquisador, fabricantes de automóveis já estão usando a fibra vegetal em reforços de plásticos.
O curauá é bastante conhecido no Baixo Amazonas, região oeste do Pará, onde foram feitos os primeiros plantios em escala comercial. Cada planta produz entre 20 e 24 folhas, proporcionando aproximadamente dois quilos de fibra. (Fapesp)