O Brasil está se antecipando à entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, assinado por 42 países para o controle da emissão de gases poluentes na atmosfera. A afirmação foi feita pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, ao citar a criação da comissão interministerial para analisar projetos de prevenção à emissão de gases poluentes.
O ministro participou da abertura do Seminário “Mudanças Climáticas: desafios e oportunidades”, realizado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara. Segundo o ministro, a expectativa é de que a Rússia também ratifique esse protocolo, que prevê a redução na emissão de gases de efeito estufa a partir de 2008.
Emissão de gás carbônico
Eduardo Campos afirmou que o Brasil assumiu papel de vanguarda ao criar uma comissão interministerial direcionada aos problemas das mudanças climáticas. Ele citou dois projetos aprovados pela comissão realizados em aterros sanitários das cidades de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e em Salvador, na Bahia.
Juntos, os projetos diminuirão a emissão de gás carbônico em 30 milhões de toneladas no período de dez anos. Segundo o ministro, esse valor representa um mercado de crédito de carbono para o Brasil no valor de US$ 150 milhões (cerca de R$ 450 milhões).
Para o ministro, iniciativas como essa atraem investimentos para o País. “São recursos fora dos orçamentos que podem trazer ações nos grande centros urbanos, geradores de emprego, de cidadania, de qualidade de vida melhor nos grandes centros, de geração de energia, ao transformar o que é uma mazela como os lixões em uma oportunidade efetiva”.
Ele acrescentou que o Governo brasileiro está trabalhando com critérios rígidos de qualidade e excelência internacional que podem contribuir na captação de recursos para o País. Esses critérios, de acordo com o ministro, têm o objetivo de facilitar o reconhecimento internacional das iniciativas brasileiras.
A comissão interministerial é composta por nove ministérios. Além desses dois projetos, deverão ser analisados outros onze, avaliados de acordo com critérios de distribuição de renda, contribuição para a melhoria das condições ambientais, desenvolvimento tecnológico e de integração regional.
Crédito de carbono
Nos últimos 100 anos, a temperatura global da Terra aumentou, em média, 1º C, o que gerou e vem agravando o efeito estufa e as mudanças climáticas que ocorrem no planeta.
Os países que trabalham para diminuir a emissão de gases poluentes recebem financiamentos para projetos nessas áreas daqueles países que não conseguem atingir as metas fixadas em tratados internacionais de controle de emissão de poluentes, como o gás carbônico. Isso é chamado de Mercado de Carbono e, segundo dados do Ministério da Ciência e Tecnologia, vai movimentar cerca de dois bilhões de dólares por ano em todo o mundo.
O coordenador do seminário, deputado Ronaldo Vasconcellos (PL-MG), vê no reflorestamento uma boa contribuição do Brasil para o equilíbrio do clima no planeta. “O Brasil tem todo o controle técnico, conhece o desenvolvimento das árvores e pode trabalhar nessa questão com muita competência. Então, plantemos, plantemos, plantemos”. (Agência Câmara)