A importância arqueológica dos objetos encontrados na histórica cidade iraquiana de Kish, ao sul de Bagdá, em escavações realizadas entre 1923 e 1933, justifica o esforço. O Museu Field, de Chicago, nos Estados Unidos, anunciou um projeto de pesquisa que deverá durar dois anos e terá como objetivo reunir, na forma de um catálogo digital, toda a riqueza de uma das grandes cidades da antiga Mesopotâmia.
O material atualmente está dividido principalmente entre três instituições. Enquanto parte dos artefatos retirados pelos arqueólogos há mais de 70 anos se encontra no próprio Museu Field, o restante está na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e no Museu de Bagdá.
O catálogo digital será feito em árabe e inglês. Desde 1990, as escavações em Kish foram interrompidas por causa dos conflitos na área. A atual situação de instabilidade também deve prejudicar a montagem da parte iraquiana do catálogo.
O documento final, em formato eletrônico, deverá listar mais de 100 mil artefatos. Quando estiver pronto, esse banco de dados deverá estar disponível na internet. A partir dos objetos será possível fazer uma completa reconstituição da cidade há cinco mil anos.
Os arqueólogos que estudam as grandes civilizações da antiga Ásia apontam a falta de conhecimento sobre a cidade mesopotâmica como uma das grandes lacunas científicas que ainda precisam ser preenchidas. Agora, com a reunião de potes, ferramentas de pedras, esculturas, tábuas cuneiformes e demais objetos poderá ser mais fácil olhar para o passado. É de Kish, por exemplo, um dos mais antigos registros de transporte sobre rodas de toda a humanidade.(Fapesp)