Cerca de 50 pessoas formaram uma barreira humana e impediram nesta quinta-feira (11) que quatro fiscais do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis retirassem carros e demolissem duas pequenas garagens, que funcionam como uma oficina improvisada, construídas irregularmente no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RJ). Os fiscais estavam acompanhados de policiais da Delegacia de Meio Ambiente e do deputado estadual Carlos Minc (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado.
A ação foi montada a pedido da direção do Jardim Botânico e da associação de moradores do bairro. “É uma questão de ordem urbana. As garagens e a oficina são irregulares”, disse Diogo Chevalier, chefe de fiscalização do Ibama. Uma das garagens é um cubículo sustentado por duas pilastras de alvenaria, onde cabe apenas um veículo. “São pequenas expansões que contribuem para o desmatamento do parque”, disse o deputado Carlos Minc, justificando a operação.
Há mais de 20 anos, correm na Justiça cerca de 200 ações de reintegração de posse, movidas pelo Jardim Botânico, que abrange 137 hectares – 54 deles correspondem à área construída do parque e o resto são reservas ambientais livres ou ocupadas pelas famílias. O problema é que muitas casas foram cedidas ou tiveram autorização para serem erguidas pelo próprio Jardim Botânico (criado em 1808), ao longo de sua história .
O objetivo era beneficiar antigos funcionários, que deixaram as moradias como herança. Porém, o local foi alvo de invasões. Para os moradores, a ação dos fiscais do Ibama foi arbitrária. “É a gente que cuida daqui. Plantei bananeira, taioba e flores. Meu pai, que era guarda do parque, construiu nossa casa em 1943”, disse o militar da reserva Almir Rego, de 63 anos, dono da pequena garagem que abriga seu Kadett. (Estadão Online)