Os efeitos da mudança climática sobre a natureza são mais graves do que se pensava, informa um relatório apresentado nesta terça-feira (14), na Conferência da ONU – Organização das Nações Unidas sobre o tema, em Buenos Aires (Argentina).
Muitas espécies e ecossistemas não vão se adaptar às mudanças do clima porque possuem reações ao aquecimento global que não são as adequadas, afirma a organização WWF – World Wild Fund. Atualmente, a temperatura mundial é 0,7 grau centígrado maior do que em 1990.
Como exemplos de que os efeitos da mudança climática na fauna e flora foram subestimados, o documento cita que as plantas estão brotando em épocas nunca registradas nos últimos dois séculos, a proliferação dos incêndios florestais por causa de secas, o desaparecimento de espécies de anfíbios e a proliferação de pragas. Na Antártida, a escassez de gelo no mar levou à queda do número de pingüins Adelie e o rompimento precoce dos blocos de gelo faz os ursos polares não conseguirem reservar gordura suficiente para hibernar.
“Este relatório mostra que a mudança climática já está tendo conseqüências negativas sobre a natureza e que a situação vai piorar se não houver um controle”, disse Jennifer Morgan, da WWF.
A X Conferência Mundial de Mudança Climática, que vai de 6 a 17 de dezembro, entrará a partir desta quarta-feira (15) na fase de consultas de alto nível, após oito dias de negociações técnicas.
A reunião, da qual participam 6 mil representantes de governos, organismos internacionais e ONGs, é essencial porque precede a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, em fevereiro de 2005.
O documento, assinado em 1997 na cidade japonesa, obriga os países industrializados a reduzir as emissões de gases que causam o aquecimento global e não foi aceito pelos Estados Unidos, o maior emissor do planeta.
Devido à chegada de ministros de todo o mundo, a WWF pediu propostas importantes para reduzir de maneira profunda as emissões de dióxido de carbono (CO2). “O tempo corre contra a natureza – adverte Arnold Van Vliet”, da WWF. “Nosso relatório mostra pela primeira vez que são as situações climáticas extremas, e não só os aumentos das temperaturas médias, que determinam como a natureza recebe e se adapta aos fenômenos”. (JB Online)