Cinturão verde protegerá litoral da Indonésia atingido por ondas gigantes

A Indonésia criará um cinturão verde ao redor da cidade de Banda Aceh para evitar ondas gigantes como as de 26 de dezembro de 2004, e promoverá também o reflorestamento em outras localidades costeiras. “Um sistema de alarme de tsunami poderia ter salvo muitas vidas, mas a presença de florestas de mangues no litoral também, e é muito mais barato”, disse à Agência EFE Hadi S. Alikodra, diretor do grupo de trabalho para a recuperação de Aceh (WGRA).

“Banda Aceh está localizada em uma planície baixa e aberta, com 15 quilômetros de terra perto da costa, o que a torna muito vulnerável ao tsunami. Quando o reflorestamento estiver implantado, em cinco ou no máximo dez anos, Aceh será uma região segura”, garantiu Alikodra, especialista ecólogo e professor do Instituto de Agricultura de Bogor.

A proposta inicial, que ainda está sendo discutida com o governo, contempla o plantio de um anel verde de um quilômetro de largura, 500 metros no mar e outros 500 fora deste, que deveria começar no início de março.

Widi Agoes Pratiko, diretor de Áreas Costeiras do Ministério de Assuntos Marítimos e Pesca, anunciou que seu departamento investirá 6 milhões de euros (7,8 milhões de dólares) para o replantio de mangues. Segundo Pratiko, a soma total prevista para a recuperação destas florestas tropicais nos próximos dez anos vai superar 79,3 milhões de euros (103,1 milhões de dólares).

Equipes do Ministério de Assuntos Marítimos e Pesca estão em Aceh para determinar o custo ambiental do tsunami e ver como é possível recuperar as pisciculturas do litoral noroeste de Aceh sem prejudicar o meio ambiente.

A piscicultura é a principal fonte de renda de quase 15% da população costeira de Aceh. No entanto, os proprietários das pisciculturas de camarão foram, junto com os construtores de casas, os que mais pressionaram para a progressiva destruição de mangues em todo o arquipélago indonésio.

O programa de criação de cinturões verdes não é novo, mas durante anos esteve paralisado por causa de interesses imobiliários e pesqueiros. Agora, depois da morte de mais de 230 mil pessoas em 26 de dezembro, o governo indonésio recuperou a idéia ecológica como mais uma das medidas preventivas para evitar que uma catástrofe semelhante se repita. (Agência EFE)