Economia nos gastos com combustível e redução na emissão de poluentes. Estas são duas das vantagens apregoadas para incentivar a opção pelo gás natural veicular ou GNV. A julgar pelos números disponíveis no mercado, os benefícios parecem ter convencido uma boa parte dos motoristas. Tanto que a expectativa do Sindicov – Sindicato Nacional dos Concessionários e Distribuidores de Veículos é que mais de um milhão de veículos estejam circulando com o combustível até o final do ano. Hoje, cerca de 180 mil carros circulam com GNV.
A expectativa tem como base o aumento no consumo médio diário de gás natural: cresceu 27,1% em dezembro último em relação ao mesmo mês de 2003. Os dados são da Abegás – Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado.
Para usar o gás é preciso comprar um kit de conversão. O preço médio varia entre R$ 2,3 mil e R$ 3 mil, dependendo do modelo do carro. A instalação do sistema de gás inclui tubulação extra, conjunto de válvulas e cilindros de armazenagem. Nenhum equipamento original do veículo é retirado. Mesmo com o kit, o veículo projetado para rodar com gasolina ou álcool pode operar com os dois isoladamente: gás natural ou o combustível original. O motorista escolhe qual será usado acionando um botão instalado no painel. O Inmetro já credenciou 750 oficinas aptas a fazer a mudança.
Para o presidente do Sindicov/DF, Edison Maia, a troca compensa. “O gás é menos poluente e isso vem a somar na gama de opções que o consumidor terá. Por exemplo, se ocorre um conflito no Oriente Médio e o preço da gasolina sobe, nós temos alternativa do gás combustível ou álcool, que são produzidos aqui”, explica.
Entre as vantagens do GNV está o preço do tanque cheio, que não passa dos R$ 15. O metro cúbico do gás custa em média R$ 0,70. De acordo com o mecânico Bruno da Silva, R$ 10 são suficientes para encher o cilindro de 14 m³. Segundo ele, com este volume é possível percorrer até 230 quilômetros. Em nível de comparação, os mesmos R$ 10 rendem menos de cinco litros de gasolina, ou seja, em média, 50 quilômetros rodados.
O GNV também traz benefícios para o motor. De acordo com a assessoria técnica da Petrobrás, o gás não tem elementos corrosivos e evita a carbonização dos pistões e cilindros. O motorista conta, ainda, com a segurança de combustível com selo de qualidade, já que o GNV sai de bombas de gasodutos subterrâneos direto para o veículo.
Apesar dos benefícios, o GNV também tem pontos negativos. O principal é o fim da garantia de fábrica em caso de problemas no motor. O veículo também perde até 20% de sua potência com o gás. O tanque deve ter álcool ou gasolina, mesmo que em pequenas quantidades, para manter o sistema de alimentação tradicional estável.
Outro ponto apontado como negativo é o espaço do porta-malas, reduzido em até 60% para adaptação do cilindro. Além disso, pode ser necessário o reforço na suspensão do carro, já que o peso do tanque pode ultrapassar os 60 quilos.
Por enquanto, a quantidade de postos para abastecimento é pequena. Hoje, existem cerca de 900 postos só em São Paulo, Rio de Janeiro, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Paraíba e Alagoas.
Edson Maia informa que a Fiat e a GM já têm modelos tricombustíveis. Ou seja, funcionam com gasolina, álcool ou gás natural. De acordo com ele, esses modelos são mais seguros. “É uma situação mais perfeita para o consumidor. Não digo que a adaptação não funcione. Vai funcionar. Mas, talvez, o desgaste seja maior”, avisa. (Lílian de Macedo/ Agência Brasil)