Dos 62 municípios do Amazonas, apenas Itacoatiara, município de 78.500 habitantes que fica no centro do estado, próximo a Manaus, tem aterro sanitário licenciado pelo Ipaam – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas. “O aterro sanitário é a única maneira correta de tratamento e destino aos resíduos sólidos urbanos”, diz Etienne Salgado, fiscal do Ipaam.
Segundo Etienne, o licenciamento observa sobretudo se o local para construção do aterro sanitário foi bem escolhido. “Ele não pode ser próximo a aeroportos, aeródromos, núcleos urbanos, lavouras ou áreas de vegetação nativa. Além disso, o solo não pode ser muito permeável”, detalhou ela.
Em Tefé, cidade de 69.500 habitantes também na região central do Amazonas, a 500 quilômetros de Manaus, a coleta de lixo está interrompida há dez dias. Diariamente, cerca de 20 toneladas de detritos se acumulam nas ruas. O motivo é uma liminar da Justiça Federal, solicitada ao Ministério Público Federal pela Infraero, que proibiu a prefeitura de depositar os resíduos sólidos urbanos no lixão da cidade. O local fica a apenas dois quilômetros do aeroporto e a revoada de urubus sobre a área trazia riscos às aeronaves no pouso e na decolagem.
O prefeito de Tefé, Sidônio Gonçalves (PFL), disse não dispor de verba para a construção de um aterro sanitário. “Temos R$ 300 milhões na Suframa, dinheiro nosso, dos amazonenses, vindo de taxas cobradas das indústrias da Zona Franca. Esse recurso está preso. Por que o interior só é lembrado pelas autoridades no tempo da política, quando as pessoas precisam de voto?”, indaga. (Thaís Brianezi/ Radiobrás)