Até 2080, as mudanças climáticas farão com que mais da metade das plantas européias entre nas categorias “vulneráveis” e “ameaçadas”, de acordo com critérios da UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (23).
Wilfried Thuiller, um jovem pesquisador francês do Sanbi – Instituto Sul-Africano para a Biodiversidade, e seus colaboradores fizeram uma projeção sobre o futuro de 1,35 mil espécies vegetais européias para 2080.
Os trabalhos, publicados pela Academia de Ciências Americanas, utilizaram sete cenários formulados por especialistas do GICC – Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, os quais refletem diferentes respostas políticas e socioeconômicas.
“Inclusive os cenários mais moderados, onde as sociedades adotam um comportamento muito prudente para não aumentar as emissões de gases de efeito estufa, têm um grande impacto”, explica Sandra Lavorel, do Laboratório de Ecologia Alpina de Grenoble (sudeste da França), que coordenou o estudo no âmbito do projeto europeu ATEAM, com pesquisadores franceses, portugueses, britânicos e suecos.
Segundo os diferentes cenários, que trabalham com um aumento da temperatura média entre +1,8° e +3,6° entre 2000 e 2080, podem desaparecer entre 27% e 42% das espécies numa determinada localidade da Europa devido à mudança climática.
Entre o desaparecimento de certas plantas e a aparição de outras espécies, que migrariam para o norte, a taxa de renovação da flora européia pode ser de 42 a 63%, segundo os diferentes cenários.
Os pesquisadores estudaram duas opções: que as plantas sejam incapazes de emigrar, sobretudo devido à fragmentação das paisagens pelas atividades humanas, e que consigam se habituar a climas mais amenos.
No primeiro caso, 22% das plantas estudadas estariam em perigo crítico de desaparecimento e 2% teriam desaparecido completamente até 2080. No caso de conseguirem se adaptar a novos hábitats, 67% das espécies correriam um baixo risco de desaparecimento.
Segundo o estudo, a paisagem da flora européia passará por uma profunda transformação: o norte da Europa receberá numerosas espécies procedentes de regiões mais temperadas, enquanto que a flora mediterrânea se estenderá para a Europa central (66% de renovação).
As plantas das regiões montanhosas seriam as mais vulneráveis ao aquecimento climático, já que se “especializaram”, ao longo dos milênios, em resistir a condições climáticas extremas e possuem recursos limitados para se deslocarem a hábitats frios. A taxa média de desaparecimento de espécies numa região que vai do arco alpino, desde os Balcãs até as altas planícies espanholas e os Pirineus, pode chegar, no pior dos casos, a 60%. (Agência AFP/ Terra.com)