O aquecimento global deve diminuir significativamente a oferta de alimentos em muitos países e aumentar o número de famintos no mundo, alertou na quarta-feira (25) a FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
O prejuízo maior ficaria por conta dos sistemas de distribuição de alimentos e toda infraestrutura envolvida. Além disso, o aquecimento global aumentará a proporção das terras consideradas áridas ou semi-áridas nos países subdesenvolvidos.
O maior impacto deve ocorrer na África Subsaariana. Na região, a área ocupada por terras inférteis pode crescer em até 90 milhões de hectares até 2008 – o equivalente a quase quatro vezes o tamanho da Grã-Bretanha. Outros efeitos devastadores podem ser provocados pelos chamados ‘eventos climáticos extremos’, como inundações e tempestades.
A entidade afirmou que ’65 países em desenvolvimento, representando mais da metade da população total dos países em desenvolvimento em 1995, vão perder cerca de 280 milhões de toneladas em potencial de produção de cereais como resultado das mudanças climáticas’.
‘Há fortes evidências de que o clima global está mudando e que os custos sociais e econômicos de desacelerar o aquecimento global e reagir a seus impactos será considerável,’ disse o texto do Comitê de Segurança Alimentar Mundial da FAO.
Muitos cientistas temem que a elevação das temperaturas, atribuídas ao efeito estufa provocado por certos poluentes, derreterá as calotas polares, elevará o nível dos mares em quase um metro até o final do século e provocará inundações e secas.
O mundo sofreu 600 inundações nos últimos dois anos e meio, que mataram cerca de 19 mil pessoas e provocaram prejuízos de US$ 25 bilhões – sem contar o tsunami de dezembro na Ásia, que matou mais de 180 mil.
Segundo a FAO, estudos demonstram que o aquecimento global pode levar a uma redução de 11% nas terras irrigadas por chuvas em países pobres, o que provocaria uma ruptura na produção de cereais.
As consequências agrícolas do fenômeno devem elevar o contingente de pessoas sob insegurança alimentar, especialmente em países que já têm baixo crescimento econômico e elevados índices de desnutrição. (JB Online)