O novo Programa Nuclear Brasileiro (PNB), que está sob avaliação de seis ministérios, prevê a construção de até sete novas usinas nucleares no Brasil, incluindo a conclusão de Angra 3. O projeto, ainda mantido em sigilo, foi elaborado por um grupo coordenado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PNB é considerado, por uma ala do governo, fundamental para conferir ao Brasil maior peso em sua política externa, ajudando na disputa por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.
Não há consenso, porém, sobre a viabilidade das propostas apresentadas: divergência entre os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Dilma Rousseff (Minas e Energia) põe em xeque a conclusão de Angra 3, primeiro passo de qualquer cenário do PNB, mas que começou a ser discutida isoladamente. A usina faz parte do antigo programa nuclear, iniciado na década de 70, ainda sob o regime militar, em parceria com a Alemanha. Mês passado, foi discutida no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em reunião suspensa pela falta de consenso entre os ministros participantes.
O novo PNB foi solicitado por Lula logo após a viagem à China, em maio do ano passado, quando os governos brasileiro e chinês assinaram um polêmico acordo de cooperação. Na ocasião, o MCT ofereceu aos chineses o fornecimento de combustível nuclear para as usinas daquele país, produzido a partir da tecnologia desenvolvida pela Marinha para enriquecer urânio. Para atingir escala de produção necessária, porém, o Brasil precisa de novas usinas nucleares, afirmam técnicos do setor. (Gazeta do Povo)