Ambientalistas, sindicalistas, pescadores e maricultores de Angra dos Reis e Paraty, no Rio de Janeiro, vão entregar uma carta-manifesto ao secretário nacional da Pesca, José Fritsch , pedindo que todo o material retirado da dragagem do canal do estaleiro Brasfels – onde está sendo construída a Plataforma P-52 da Petrobras – seja depositado a 31 milhas da Ilha dos Meros, na Baía da Ilha Grande.
Os manifestantes alegam que o estudo de impacto ambiental, feito pela Ecology do Brasil, indica a presença de produtos químicos e cancerígenos no solo marinho acima dos níveis permitidos pelo Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente, o que colocaria em risco a fauna e a flora aquática da região.
Prevista para começar dia 1º de agosto e durar quatro meses, a obra vai remover 520 mil metros de sedimentação (areia, silte e argila), o equivalente a 628 hectares de solo marinho ou a uma área em terra firme de 6,28 milhões de metros quadrados. A dragagem terá um quilômetro de extensão, 200 metros de largura e 2,25m de profundidade, para permitir que a P-52 retorne ao estaleiro já com o casco, que está sendo feito em Cingapura, para entrar na última fase de construção.
A carta-manifesto será entregue dia 9 de junho, quando o representante do governo federal visitará as duas cidades para tratar da cessão de terrenos das Docas do Rio de Janeiro para os terminais pesqueiros da região. Os organizadores preparam uma barqueata com o objetivo de chamar a atenção dos moradores sobre os riscos da remoção do material.
“Não estamos contra a dragagem, necessária para gerar empregos na fase final de construção da plataforma, mas somos contra o depósito da sedimentação na Baía de Ilha Grande. Até porque o impacto será imediato porque vai formar uma mancha e escurecer a água, mexendo diretamente na cadeia alimentar”, observa o biólogo João Vital, coordenador do Berçário Marinho da Marina Verolme, que fica a 200 metros de distância do estaleiro Brasfels. Segundo o biólogo, o berçário vai desaparecer se o material for depositado nas águas da baía.
O estudo de impacto ambiental indica dois locais para depositar o material. O primeiro a 12 milhas de distância do estaleiro Brasfels e, o outro, a 26 milhas. O presidente do Sindicato dos Oceanógrafos de Angra dos Reis, Júlio Avelar, elaborou um parecer a pedido do Sindicato dos Armadores de Pesca de Angra dos Reis.
“Por precaução e para evitar maiores danos ao ecossistema, constatamos que o melhor seria depositar o material a 31 milhas de distância e não 26 como o previsto. Não concordamos com o depósito na Baía da Ilha Grande”, observa. (Ricardo Albuquerque/ JB Online)