Experimentos realizados no Laboratório de Pesquisa em Físico-Química de Polímeros, na UnB – Universidade de Brasília, juntaram dois componentes inusitados: óleos naturais foram adicionados a dois tipos de polímeros, gerando resultados interessantes. Foi criado um material plástico que se decompõe mais rapidamente, e que também é capaz de absorver e emitir luz.
Um produto derivado de um fruto típico da região Amazônica, o óleo de buriti, foi adicionado na síntese de compósitos de poliestireno, material utilizado na produção de copos descartáveis, e do polimetacrilato de metila, matéria-prima para peças de acrílico.
Tempo de degradação – No primeiro caso, as conseqüências são importantes fundamentalmente para o meio ambiente. Segundo a autora da pesquisa, Jussara Angélica Durães, o óleo de buriti mostrou-se capaz de acelerar a degradação do polímero.
“Ainda é cedo para dizer com exatidão o quanto é possível diminuir o tempo de degradação do novo material. Mas, a partir do momento em que o óleo não se modifica na estrutura do polímero, existem várias partes dentro do plástico que certamente vão se degradar com mais rapidez”, disse.
Radiação solar – A adição do óleo de buriti ao polimetacrilato de metila também fez com que o polímero passasse a absorver a radiação solar e a funcionar como elemento fotoprotetor.
“O óleo natural faz com que o material consiga absorver radiação solar na região do ultravioleta. Isso ocorre porque o plástico incorpora com facilidade as propriedades do óleo, permitindo também que o material se torne fotoluminescente, capaz de emitir luz na região do visível”, explica a orientadora Maria José Sales.
Os pesquisadores acreditam que o novo material poderá ser utilizado, por exemplo, na fabricação de óculos escuros para bloquear a ação do sol e na fabricação de leds, diodos emissores de luz muito utilizados em aparelhos eletrônicos.
Estudo – O estudo Compósitos fotoprotetores obtidos a partir do poliestireno e do polimetacrilato de metila dopados com óleo de buriti foi orientado por Maria José Sales, professora do Instituto de Química da UnB.
O trabalho foi desenvolvido em parceria com Sanclayton Geraldo Moreira, professor da UFPA – Universidade Federal do Pará, responsável pela extração do óleo e pelas medidas das propriedades ópticas dos compósitos. (Agência Fapesp)