Seis milhões de anos de história evolutiva, em 6 bilhões de letrinhas. Cientistas de várias partes do mundo apresentam nesta quinta-feira (01) o seqüenciamento final do genoma do chimpanzé e sua comparação com o genoma humano – cada um composto por 3 bilhões de pares de bases das letras químicas A, T, C e G. É dentro dessas seqüências que eles esperam encontrar as pistas genéticas que procuram para algumas das questões mais básicas sobre a evolução e a complexidade humana, assim como para o tratamento de doenças.
As pistas estão, principalmente, nas diferenças entre os dois genomas. E elas são maiores do que se pensava: 4%, no lugar de 1%. “Somos definitivamente parecidos, mas não tão parecidos quanto imaginávamos”, resume o pesquisador brasileiro Marcelo Nóbrega, especialista em genômica comparativa da Universidade de Chicago. “Isso complica muito as coisas.”
A magnitude da publicação do estudo, na edição da revista Nature, é comparável apenas à publicação do primeiro rascunho do genoma humano, na mesma revista, quatro anos atrás. O trabalho principal, assinado por 67 pesquisadores do Consórcio de Seqüenciamento e Análise do Chimpanzé, é acompanhado de 11 outros estudos e artigos comparativos.
“O seqüenciamento do genoma do chimpanzé é uma conquista histórica, destinada a abrir caminho para muitas outras descobertas empolgantes e com implicações para a saúde humana”, declarou o pesquisador Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, nos EUA, que foi um dos coordenadores do projeto. “A comparação do genoma humano com os genomas de outros organismos é uma ferramenta extremamente poderosa para a compreensão da nossa própria biologia.” (Estadão Online)