O ministro da Agricultura Roberto Rodrigues admitiu nesta segunda-feira (31) que a demora na conclusão dos exames que apontarão se o gado do Paraná está ou não contaminado com febre aftosa é muito ruim para o Brasil. “Dá a impressão de falta de transparência, e isso não é positivo à reversão dos embargos à carne brasileira.”
Segundo Rodrigues, técnicos gaúchos do Ministério da Agricultura já estão no Paraná para fazer a contraprova dos exames. Os exames iniciais não detectaram a presença de aftosa no rebanho local. Segundo Rodrigues, a divulgação deverá ser feita ainda esta semana. O ministro voltou a dizer que o governo federal e os estaduais têm cumprido todas as exigências da OIE – Organização Internacional de Epizootia em relação à sanidade animal.
Pacote de medidas – Rodrigues informou que o Ministério da Agricultura está negociando um pacote de medidas com a área econômica do governo. Entre elas, o ministro destacou a reequipagem de quatro laboratórios nacionais, localizados em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul. Não há atualmente nenhum que seja de referência internacional. Também está em curso processo para a contratação de 610 técnicos de nível médio e de 250 técnicos de nível superior para atuar na área de defesa.
Rodrigues anunciou que um novo programa de rastreabilidade bovina será implantado em breve. “Os europeus nos pediam um programa de rastreabilidade mais crível, e isso está sendo feito”, afirmou. “Estamos em fase final de elaboração e o programa começa a vigorar em 1º de janeiro.”
Um segundo passo deve ser o envio de missões brasileiras para os principais países importadores, a fim de informar sobre as medidas tomadas para controlar o foco de aftosa. Rodrigues confirmou que até o momento 48 países adotaram algum tipo de embargo ao Brasil por causa da aftosa. Segundo o ministro, mensurar os prejuízos é impossível. Contudo, servindo-se de um levantamento da consultoria Ícone, ele disse que se os embargos durarem pelo menos seis meses e se estenderem também para a carne suína brasileira, o Brasil perderá US$ 1,6 bilhão em um ano. (Jane Miklasevicius/ Estadão Online)