A ministra do Meio Ambiente Marina Silva disse nesta quarta-feira (23) durante a abertura do Fórum Internacional “Diálogos da Bacia do Prata”, em Foz do Iguaçu, que o Brasil deve começar a liderar através de exemplos fortalecidos com parcerias para tirar do papel acordos que vêm sendo feitos, desde a Eco 92. “Nós já temos uma grande quantidade de acordos internacionais firmados, mas com um baixo nível de implementação. A Itaipu e o Paraná estão liderando pelo exemplo”, afirmou.
Para a ministra, o comitê da Bacia do Prata é um paradigma e uma referência ao demonstrar que o mesmo rio que separa, ao mesmo tempo, une dois países em prol de objetivos maiores como a preservação dos recursos naturais, com sustentabilidade e participação social.
Marina Silva alertou que os Estados devem valorizar pequenos projetos locais no direcionamento de políticas públicas. “Grande parte das ações positivas que vem sendo feitas pelo Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Plano Nacional de Recursos Hídricos, fazem parte do constrangimento ético positivo que a sociedade impôs ao poder público de forma muito legítima”, disse a ministra. Ela citou ainda como exemplo trabalhos de sucesso implantados por comunidades, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e Universidades, sem qualquer investimento e que governo federal está transformando em políticas públicas.
Mata Ciliar – A ministra fez uma referência ao Programa Mata Ciliar, desenvolvido pelo governo do Paraná. “O Programa Mata Ciliar incorporou a variável social para garantir a adesão dos agricultores, e isso é desenvolver política pública sustentável. Os produtores que não respeitam a mata ciliar estão inviabilizando seu próprio empreendimento futuramente”, mencionou a Marina Silva.
O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, apresentou um balanço das conseqüências do desmatamento no Paraná, que mantém apenas 5% das florestas nativas originais, e destacou as ações que vem sendo realizadas para tentar reverter o quadro de degradação dos recursos naturais. “Plantamos 34 milhões de árvores para recomposição da mata ciliar, estamos reflorestando pioneiramente os pontos de recarga do Aqüífero Guarani e implantando o Plano Estadual de Recursos Hídricos, que prevê a cobrança pelo uso da água”, disse Cheida.
Fórum – O Fórum Internacional está sendo realizado pela Itaipu Binacional, em parceria com o Comitê Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata (CIC) e Cruz Verde Internacional no Brasil (Green Cross), reunindo representantes do Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Bolívia.
O ministro do Meio Ambiente do Paraguai, Alfredo Molinas, disse que este diálogo é muito importante e que trará experiências diplomáticas de três décadas. “Estamos unidos em busca de soluções positivas para sustentabilidade da Bacia do Rio do Prata, sem prevalecer o direito soberano dos países e, sim a garantia do futuro do Planeta”, afirmou Molinas.
O encontro discutirá até esta sexta-feira (25) uma política de desenvolvimento sustentável para os países beneficiados pela bacia, em busca de um consenso geopolítico sobre o aproveitamento da água e importância da preservação dos rios que formam a Bacia do Prata.
O diretor-presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek, destacou que a realização do Fórum só foi possível devido à consciência da diretoria da Itaipu no Paraguai quanto à necessidade de preservação dos recursos naturais. “A Itaipu é um exemplo de integração. Produzimos 25% da energia consumida no Brasil e 95% da energia produzida no Paraguai, sendo que nosso principal produto é a água e é com essa responsabilidade que estamos trabalhando”, lembrou Samek.
As conclusões deste encontro em Foz serão levadas como posição comum dos países da Bacia do Prata, ao IV Fórum Mundial das Águas, que será realizado na Cidade do México, em março de 2006.
O coordenador mundial do Fórum das Águas, César Herrera, e o presidente da Cruz Verde no Brasil, Celso Claro, também estiveram entre as autoridades presente no encontro.
Fonte: Agência de Notícias do Governo do Paraná