Caminhar na praia oferece um misto de sensações reconfortantes. Pisar na areia macia, respirar a brisa carregada de oxigênio e ter a certeza de que o mar vai apagar nossos passos depois. Isso tudo, provavelmente, faz parte de uma experiência ancestral. Foi andando pela orla marinha que um pequeno grupo de antepassados nossos aventurou-se para fora da África pela primeira vez, há cerca de 50 mil anos.
Alimentando-se de peixes, mariscos e frutos do litoral do Oceano Índico e do Mar Mediterrâneo, eles seguiram adiante. Geração após geração, exploraram os recursos daquelas terras generosas. O grupo inicial, de umas 150 pessoas, cresceu e se multiplicou. Hoje, somos 6 bilhões de humanos. E nossa caminhada deixa para trás rastros que o planeta não consegue mais limpar.
Nos últimos meses, os principais cientistas do mundo têm se ocupado em alertar sobre o rumo perigoso que tomamos. Isso explica o sucesso da campanha ecológica inspirada pelo ex-vice-presidente americano Al Gore com seu filme Uma Verdade Inconveniente, que chegará em novembro ao Brasil. Algumas pessoas têm oferecido uma liderança exemplar em suas áreas para enfrentar essa crise global. O sentido desse esforço é lembrar que cada cidadão pode contribuir para que o planeta continue hospitaleiro.
A maior conseqüência dessa crise é o caos climáticoanunciado pelo efeito estufa, resultado da emissão de poluentes, como o gás carbônico, que alteram a atmosfera terrestre. O efeito estufa é apontado pelos pesquisadores como a maior ameaça enfrentada por nossa civilização. Eles começam a avaliar o impacto de outro gás, o metano, emitido por várias fontes, como o gado.
Diante do perigo, urbanistas descobrem como fazer cidades ecologicamente sustentáveis. Mas isso ainda é pouco. A próxima década será decisiva para evitar que o clima do planeta entre em um processo irreversível de ruptura. Se isso ocorrer, a brisa marinha trará furacões e o mar vai engolir as praias, junto com parte de algumas cidades.
(Fonte: Revista Época) Leia mais no site da revista, clicando aqui.