A Itaipu Binacional poderá se tornar um grande centro produtor de um dos combustíveis do futuro — o hidrogênio, utilizando a capacidade de suas máquinas de produzir energia fora das horas de pico, principalmente à noite. Um projeto nesse sentido está sendo desenvolvido e deverá começar a operar em escala de pesquisa e desenvolvimento a partir do início do ano que vem, em Foz do Iguaçu, num trabalho conjunto com a Unicamp, de São Paulo. A Ford e a Daymler-Chrysler fornecerão os veículos que irão circular com hidrogênio para efeito de demonstração, e que significam aproximadamente da metade do custo do projeto-piloto.
O maior problema na produção do hidrogênio é o alto consumo de energia elétrica na sua produção em grande escala e também o seu transporte que, num percurso superior a 200 quilômetros de distância, é inviável economicamente. “Nós temos as duas maneiras de solucionar o problema. Há uma grande quantidade de água que é jogada fora a noite porque não existe consumo. Assim, poderemos usar a energia que seria produzida com ela, e que está sobrando, para a produção do hidrogênio”, explica o diretor técnico da Itaipu Binacional, Antônio Otelo Cardoso. “E temos a vantagem de possuir extensas linhas de transmissão, o que quer dizer que a fábrica ou planta industrial comercial poderia ficar mais próxima de um grande centro consumidor como São Paulo, por exemplo, agregando apenas o custo do transporte da energia pela linha para esta unidade de produção”, acrescenta.
O que a Itaipu quer como estratégia é se preparar para uma modificação no mercado das grandes cidades onde a legislação ambiental está sendo alterada de maneira drástica em várias partes do mundo e inclusive o Brasil. “Grandes me-trópoles como Los Angeles e mesmo São Paulo logo terão áreas onde será permitida somente a circulação de veículos que não ocasionem qualquer tipo de poluição como os elétricos e os movidos a hidrogênio. Acredito que isso pode envolver muitas outras usinas brasileiras que também tem sobras de água noturnas”, diz o diretor da Itaipu Binacional.
O projeto com a Unicamp é para mapear custos e parâmetros de produção, já que a tecnologia por eletrólise é antiga e amplamente conhecida em todo o mundo. Depois de conhecer estes números, a Itaipu irá à busca dos parceiros que podem alavancar o negócio e desenvolver o projeto de produção de hidrogênio em escala comercial.
Carro elétrico
Itaipu também estará iniciando no ano que vem os testes com um carro elétrico de passeio que utiliza baterias de alto rendimento, em parceria com a Eletropaulo, a canadense Ballares e a Petrobras. “Nesse caso queremos ajudar no desenvolvimento de um veículo de passeio comercialmente viável testando a tecnologia que existe ou que possamos ajudar a desenvolver”, informa Antonio Otelo Cardoso.
Gazeta Mercantil