Governo pretende retomar pesquisas para novas reservas de carvão mineral

O secretário de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, anunciou durante o “1º Fórum Internacional do Carvão Mineral – Energia Segura com Responsabilidade Ambiental”, no Rio Grande do Sul, que o governo federal pretende retomar a realização de pesquisas a fim de identificar novas reservas de carvão no Brasil. A iniciativa seria feita nos moldes do que acontece hoje com os inventários de bacias hidrográficas.

Segundo Zimmermann, estudos preliminares apontam para a existência de reservas no Pará e no Maranhão. Na visão do secretário, o aumento da oferta necessária para o país, entre os anos de 2010 e 2015, é da ordem de 6 mil MW, equivalente à metade da hidrelétrica de Itaipu. “O carvão certamente ganhará seu espaço na matriz energética brasileira não só por desejo nosso, mas também por necessidade”, garantiu.

Na avaliação do secretário de Energia, Minas e Comunicações do Rio Grande do Sul, Valdir Andres, a iniciativa pode significar o embrião de uma política efetiva de uso do carvão na matriz energética. Enquanto atualmente o carvão responde por cerca de 1,5% da matriz, a criação de uma política carbonífera pode alçar a presença do insumo a um patamar de 5%, inicialmente, o que corresponde a aproximadamente 4 mil MW.

“Só os quatro projetos que estão localizados no Rio Grande do Sul implicarão num investimento de até US$ 2,5 bilhões”, contou. As plantas em questão, que somam 1,8 mil MW, são as usinas Seival, Candiota III, CTSul e Jacuí. Estas, mais a termelétrica Usipec, em Santa Catarina, estão habilitadas para participar do leilão de energia nova, marcado no dia 16 de dezembro – no caso de Jacuí, a habilitação é condicionada, mas com grandes chances de obter a definitiva na Empresa de Pesquisa Energética.

Segundo o secretário, as usinas a carvão terão preço altamente competitivo na licitação. Andres afirmou que o estado está à disposição do MME para colaborar com quaisquer ações que venham a incentivar o uso da fonte no país. O secretário afirmou também que torce para existirem novas reservas de carvão em outras regiões do país, o que pode ajudar na instituição da cultura do insumo existente hoje apenas no Sul do país. O estado responde por 89% das reservas conhecidas nacionais, equivalente a 32 bilhões de toneladas. “Se fossem gerados 15 mil MW, teríamos reservas de carvão por 100 anos”, observou.

Dentro da agenda em prol do carvão, Andres pretende encontrar-se com o secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, a fim de agradecer todas as declarações de apoio do dirigente fluminense à adoção do carvão como fonte de geração, além de traçar ações conjuntas pela implantação do modelo carbonífero.

Já o secretário-executivo do Sindicato da Indústria da Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina, Fernando Luiz Zancan, destacou que o leilão de energia nova abriu uma janela de oportunidade para a fonte. Para ele, a retomada nas pesquisas por novas reservas ajudarão a conhecer o potencial existente no Brasil. Zancan destacou que os estudos de novas reservas foram suspenas em 1982 e os programas de pesquisa e desenvolvimento, para novas tecnologias, deixaram de ser fomentadas por volta de 1984.

Para o secretário do Siecesc, a retomada dos investimentos em P&D auxiliará na adoção de uma matriz menos poluente. Zancan expôs dados apresentados no Fórum, que apontam para a movimentação de 1,4 trilhão de euros, até 2030, no investimento de usinas novas e no retrofit (modernização) de plantas existentes. Ainda de acordo com ele, nos Estados Unidos, os programas de P&D movimentarão US$ 2 bilhões em 10 anos, com foco no desenvolvimento tecnológico para redução de partículas poluentes.

Zancan observa ainda que o país tem demanda para implementar até 500 MW/ano de projetos novos, com a regulamentação de artigos previstos na lei 10.438/2002. Zancan disse esperar que a proposta de análise da política para o carvão seja feita em uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética prevista para acontecer até janeiro, conforme prometido pelo ministro Silas Rondeau.

Na visão do secretário, o carvão pode ser uma alternativa ao gás natural, sujeito às situações institucionais da Bolívia e à variação excessiva de preços. Nos EUA, segundo ele, o preço do gás, hoje, é de US$ 11 por milhão de BTU, tendo chegado a US$ 14 por milhão de BTU, na ocorrência dos furacões Katrina e Rita.

Fonte: Clima.org.br / Canal Energia