Dois estudos publicados na The New England Journal of Medicine revelaram a propagação de uma bactéria em estabelecimentos médicos de pelo menos seis Estados dos Estados Unidos e também no Canadá. Em artigo divulgado nesta quarta-feira (7) na versão online, a revista informa que os últimos relatórios apontam um aumento da incidência e da gravidade dos problemas vinculados à bactéria Clostridium difficile.
Esse aumento pode estar associado à aparição de uma nova cepa da bactéria, que seria muito mais virulenta e resistente aos remédios incluídos no grupo de antibióticos conhecidos como fluoroquinolones. Segundo os autores dos estudos, a bactéria é a principal causa de casos de diarréia infecciosa contraída em hospitais.
O organismo pode causar uma colite aguda que pode ter como resultado a extirpação de parte do cólon e até a morte do paciente.
Antibióticos – Diferente de outras bactérias, que podem adquirir resistência aos remédios utilizados para eliminá-las, a Clostridium difficile aproveitam a eliminação de outras bactérias por antibióticos para proliferar.
“Os antibióticos eliminam bactérias saudáveis do intestino grosso e permitem a multiplicação do Clostridium difficile que essa pessoa tem em seu organismo. Assim, o antibiótico elimina a bactéria saudável que geralmente mantém sob controle o Clostridium”, explicou Clifford McDonald, um dos autores do relatório dos CDC.
A revista informa que foram isolados 187 casos com doenças vinculadas à bactéria em oito instituições médicas dos Estados da Geórgia, Illinois, Maine, Nova Jersey, Oregon e Pensilvânia.
Além dos hospitais – A publicação dos estudos foi autorizada depois que os CDC – Centros para o Controle e Prevenção de Doenças revelaram na semana passada que, embora estivessem confinados aos hospitais, os recentes focos da doença associada à bactéria parecem estar sendo registrados agora nas comunidades.
“Não temos certeza ainda, mas temos relatórios de pessoas que nunca estiveram em um hospital, ou não recentemente, que não receberam antibióticos, e que não corriam maior risco de contrair a doença”, disse McDonald.
O estudo revela que entre 1980 e 2001 se registrou nos Estados Unidos um leve aumento no número de casos vinculados à bactéria. Mas a partir desse ano, o número de casos aumentou 26% e o Centro Médico da Universidade de Pittsburgh assinalou que entre 2000 e 2001 estes se duplicaram em relação aos registrados entre 1990 e 1999.
Casos graves e mortes – Durante este último período 26 pacientes tiveram que ser submetidos à uma colectomia e 18 morreram.
“Escutamos sobre casos cada vez mais graves. Pensamos que isto pode ser explicado pela mutação ou a aparição de uma cepa do organismo com propriedades especiais de virulência e/ou de resistência aos antibióticos”, disse McDonald.
Outro estudo publicado no The New England Journal of Medicine, revela que também foram registrados casos vinculados à Clostridium difficile no Québec, Canadá. Nele também ficou determinado que a bactéria desenvolveu uma forte resistência aos fluoroquinolones. (Efe/ Estadão Online)