Prêmio dá visibilidade a defensores do meio ambiente

“Não sei nem ler, sou analfabeto. Só sei cortar a seringa e trabalhar no mato”. Foi assim, com a simplicidade de um riberinho da Terra do Meio, no Pará, que Herculano Porto de Oliveira agradeceu o Prêmio Chico Mendes na categoria Associação Comunitária, que recebeu, na segunda-feira (12), à noite, das mãos da ministra Marina Silva. Herculano, 61 anos, cinco filhos e seis netos, é presidente da Associação dos Moradores do Riozinho do Anfrísio e um dos responsáveis pela criação de uma reserva extrativista federal com 736 mil hectares.

De acordo com Marina Silva, a implementação da reserva é fruto da luta organizada de movimentos comunitários, que contaram com o apoio de organizações não-governamentais e do Governo Federal. “Foi um processo de resistência”, disse. A ministra espera que a premiação dê maior visibilidade ao trabalho de milhares de pessoas que unem proteção dos recursos naturais com desenvolvimento econômico e social.

Na categoria Liderança Individual, foi agraciada Adenilza Mesquita Vieira Sila, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico. Ela foi indicada por sua luta pelos direitos, por cidadania e por melhores condições de vida para as mulheres ribeirinhas. Seu trabalho alcança cerca de 1,8 mil mulheres de 80 comunidades. “O prêmio significa a vida, a luta para manter a floresta e suas populações. É uma responsabilidade com a Amazônia e com o mundo”, disse.

A cantora Marlui Nobrega Miranda, que realiza um trabalho de aproximação entre a cultura indígena e a música clássica, foi a premiada na categoria Arte e Cultura. Seu último trabalho é Ponte entre duas Culturas. Para a artista, a premiação é um estímulo para a continuidade da tarefa de preservar as culturais tradicionais da Amazônia. “Elas são tão frágeis quanto os ecossitemas onde estão integradas”, disse.

Também foram agraciados Domingos Vargas, da Cooperativa de Agricultores Ecológicos do Portal da Amazônia, no norte do Mato Grosso, na categoria Negócios Sustentáveis, Carlos Durigan, da Fundação Vitória Amazônica, de Manaus (AM), na categoria Organização Não-Governamental, e Luciano Tavares Marques, da Embrapa (PA), na categoria Ciência e Tecnologia.

Conforme a secretário da Amazônia do MMA, Muriel Saragoussi, o Prêmio Chico Mendes foi feito para aqueles indivíduos ou entidades “pouco visíveis” na sua luta cotidiana por uma Amazônia sustentável. “Essas ações estimulam e sustentam, inclusive, políticas de governo para a região”, disse. Todos os primeiros colocados de cada categoria receberam R$ 20 mil, somando R$ 120 mil em prêmios. (Aldem Bourscheit/ MMA)