Índios caiabis devem libertar na nesta quarta-feira (21) os 15 reféns que mantêm desde terça-feira da semana passada (13) na aldeia Cururuzinho, próxima à divisa de Mato Grosso com o Pará. De acordo com a Funai – Fundação Nacional do Índio, a decisão foi tomada na tarde desta terça-feira (20), depois que o juiz federal César Augusto Bearsi derrubou a liminar que havia suspendido, em 2004, a demarcação física da terra indígena caiabi.
A libertação dos reféns foi negociada em reunião entre lideranças indígenas e representantes da Funai, do Ministério Público Federal de Mato Grosso, da Polícia Federal e do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, realizada em Alta Floresta (800 km ao norte de Cuiabá). Nesta terça-feira, o administrador regional da Funai para o Parque Xingu, Payê Kayabí, deve buscar os reféns na aldeia e levá-los até Alta Floresta.
Na terça-feira da semana passada, os caiabis detiveram 32 pessoas, acusadas por eles de extraírem madeira na região. A ação foi um protesto contra a demora na demarcação da terra indígena e contra a presença de posseiros e madeireiros na área. Até sábado, Payê Kayabí, da Funai, negociou a saída de 17 pessoas, entre elas nove crianças. Segundo ele, nenhum refém sofreu violência física.
A terra indígena caiabi ocupa cerca de 1 milhão de hectares na divisa entre Mato Grosso e Pará e reúne cinco aldeias, onde vivem aproximadamente 300 índios. Seus limites foram declarados em outubro de 2002, mas uma liminar da Justiça Federal de Mato Grosso pedida por fazendeiros interrompeu a demarcação em agosto de 2004.
A liminar foi derrubada nesta terça-feira com base em perícia que atesta que a região é tradicionalmente ocupada por índios. Segundo a Funai, o laudo foi entregue à Justiça em setembro. (Daniele Siqueira/Folha de São Paulo)