A organização ambientalista WWF (sigla em inglês para Fundo Mundial para a Natureza) lançou na semana passada, na Rússia, uma campanha intitulada “Uma ceia de Ano Novo sem caviar negro”, pedindo aos russos que se abstenham de consumir os valiosos ovos de esturjão, produtos de uma crescente pesca ilegal.
“Para salvar os esturjões do Mar Cáspio da bárbara exterminação causada pelos pescadores clandestinos, o WWF pede aos russos que não comam caviar no Ano Novo”, afirmou Alexei Vaisman, encarregado da ONG, em entrevista coletiva realizada em Moscou.
Atualmente, segundo as avaliações da organização criada há 40 anos, a pesca ilegal do esturjão representa um volume de pelo menos 12 vezes o da pesca legal, lembrou Vaisman.
Em 15 anos, a população de esturjões no Mar Cáspio caiu gravemente e está dividida por 40, segundo o WWF. A proliferação da pesca ilegal se explica, após a queda da União Soviética, pelas dificuldades econômicas na região.
Grande parte das vendas de caviar russo – cerca de 1.200 toneladas por ano – é feita de forma ilegal. Deste volume, apenas 10 toneladas são vendidas em circuitos legais, reconheceu recentemente o ministro russo da Agricultura, Alexander Gordeyev.
O encarregado do WWF atacou o Estado russo, que para ele “não faz nada para por ordem na situação” e acusou os funcionários de “aceitarem suborno dos pescadores clandestinos” e de fazer parte de uma “máfia do caviar”, muito disseminada.
No entanto, no início de dezembro, o ministro russo da Agricultura defendeu a idéia de impor um monopólio de Estado na comercialização do esturjão e de seus ovos, o caviar, para proteger esta espécie ameaçada.
“É indispensável que se adote sem demora uma lei sobre a comercialização do esturjão e do caviar (…) e impor um monopólio do Estado”, disse o ministro.
O WWF lançou na semana passada o site www.wwf.ru/bezikry (“sem caviar”), explicando ao público o problema e convocando-o a boicotar seu consumo. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, o esturjão é uma espécie protegida, ameaçada de extinção. Cerca de 90% do caviar mundial procede do Mar Cáspio, embora o Irã seja o país que fornece a imensa maioria da produção. (Folha Online)