O protótipo de uma miniusina capaz de produzir 250 litros de biodiesel por dia acaba de ficar pronto na Capital Federal. Por causa do método escolhido pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que demorou três anos para ficar pronto, as vantagens dessa planta são ainda maiores do que apenas gerar um combustível considerado como limpo. Elas também são geográficas.
“O objetivo é tornar disponível a patente dessa planta de craqueamento de óleos vegetais para que ela seja instalada em locais onde a população não tenha acesso a combustíveis derivados de petróleo”, disse Joel Rubim, professor do Instituto de Química (IQ) da UnB, um dos coordenadores da construção da miniusina, à Agência FAPESP.
Como a técnica usada na nova planta permite a obtenção de combustível a partir de qualquer óleo vegetal, sem a necessidade de utilizar metanol ou etanol, como ocorre na transesterificação, ela poderá se espalhar mais pelo Brasil. O modelo construído no campus da UnB pode ser adaptado tanto em propriedades rurais como em empreendimentos urbanos.
Dentro da usina, o óleo vegetal é submetido a uma temperatura de até 380ºC. Com isso, ele literalmente se quebra em uma mistura de várias moléculas. Parte desse material vai gerar o bioóleo, mais conhecido como diesel renovável. “Esse produto apresenta propriedades químicas praticamente idênticas ao diesel de petróleo. Por conta disso, ele pode ser utilizado exatamente para as mesmas finalidades”, explica Rubim.
O rendimento obtido também não é desprezível. Segundo o pesquisador, aproximadamente 10 litros de óleo de soja, por exemplo, produzem seis litros do bioóleo, que pode ser usado em qualquer tipo de motor a diesel. “É um rendimento garantido de 60%”, afirma o pesquisador. Atualmente, além da soja babaçu, a mamona, o girassol, o dendê, o nabo forrageiro e o algodão são as espécies vegetais oleaginosas encontradas no Brasil utilizadas na produção do biodiesel.
O projeto da miniusina contou com financiamentos de R$ 200 mil do Ministério da Ciência e Tecnologia, R$ 250 mil do Ministério do Desenvolvimento Agrário e R$ 400 mil da Fundação Banco do Brasil. O reator de craqueamento inaugurado na UnB tem um custo aproximado de R$ 30 mil. “Mas esse valor tende a reduzir quando a planta começar a ser produzida em escala comercial”, afirma Rubim.
(Fonte: Thiago Romero / Agência FAPESP)