A poluição gerada pelo ozônio no hemisfério norte, desencadeada por fábricas e veículos que queimam combustíveis fósseis, é um dos principais fatores do dramático aquecimento da região do Ártico, segundo cientistas da NASA.
A descoberta é surpreendente, já que o ozônio tem sido considerado como um ator muito pouco importante no estudo das mudanças climáticas globais, segundo Drew Shindell, cientista pesquisador do Goddard Institute for Space Studies da NASA, localizado em Nova York.
O dióxido de carbono tem sido considerado o elemento chave na causa do aquecimento global, pois permanece na atmosfera por um longo período, disse Shindell em uma entrevista.
Mas o ozônio troposférico, encontrado em níveis mais baixos da atmosfera, segura o calor, ao contrário do ozônio encontrado em altitudes mais elevadas que forma uma camada protetora contra os raios solares. O ozônio troposférico era visto como bastante perecível, assim um fator pouco importante, disse ele.
Globalmente, o ozônio é responsável por cerca de um sétimo do aquecimento e das mudanças climáticas que o dióxido de carbono realiza, disse Shindell. Entretanto, um novo estudo das mudanças climáticas realizado com base nos últimos 100 anos, indica que o ozônio pode ser responsável por até 50% do aquecimento da região do Ártico.
Isto ocorre por que muitas das nações mais industrializadas do mundo estão localizadas no Hemisfério Norte, e há altitudes relativamente elevadas. Para a maioria dos anos, isto significa que o ozônio produzido nestes países é levado por ventos para o norte e para leste, em direção ao Circulo Ártico.
“Ao invés de ser este pequeno player, o (ozônio) pode ser 30, 40 ou até 50% da causa do aquecimento que estamos presenciando no Ártico agora”, disse Shindell. “É muito dramático”.
Em modelos computacionais que utilizam informações até 1880, cientistas descobriram que as temperaturas do Ártico permaneceram normais até cerca de 1950. Após 1950, o modelo demonstra um aumento nas temperaturas, amplamente disseminado na região.
A elevação das temperaturas é ligada ao aumento do ozônio troposférico em latitudes mais ao norte, disse Shindell. “O aquecimento global realmente é marcado após 1970”, disse ele. “O aquecimento ocorrido nas últimas décadas tem sido o mais forte já registrado, num período de cerca de 100 anos”.
O aquecimento do Ártico tem sido mais extremo do que o geral, disse ele, pois quando a neve e o gelo derretem, eles deixam a mostra a superfície de cor mais escura ou a água, a qual já absorveu calor, acelerando o aquecimento. (Fernanda B Müller/ CarbonoBrasil)