Aquecimento causa “terremotos glaciais” e eleva nível dos mares

O aquecimento global desencadeou uma série de “terremotos glaciais” em regiões polares e o degelo pode aumentar o nível dos oceanos mais rápido do que se achava antes, segundo estudos publicados nesta quinta-feira (23) pela revista Science.

Segundo sismólogos das universidades de Harvard e de Columbia, os “terremotos glaciais”, causados pelo choque de enormes geleiras, registraram magnitudes de até 5,1 graus na escala Richter e se duplicaram na Groenlândia desde 2002. “As pessoas acham que as geleiras são inertes ou lentas. Mas, de fato, agora elas estão se movimentando rapidamente”, disse Goran Ekstrom, professor de geologia e geofísica da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Harvard.

“Algumas geleiras da Groenlândia, tão grandes como a ilha de Manhattan e altas como o edifício Empire State, podem se deslocar 10 metros em menos de um minuto e causar um choque que pode gerar ondas sísmicas”, disse Ekstrom.

Lubrificação – Os cientistas explicam que a temperatura alta derrete o topo dos blocos de gelo e a água acumulada na base se transforma em um lubrificante para o deslocamento das massas de gelo sobre o mar.

“Nossos resultados sugerem que estas enormes geleiras podem responder à mudança das condições climáticas mais rapidamente do que pensávamos”, disse Meredith Nettles, pesquisadora do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia.

Os cientistas indicaram que, embora os “terremotos glaciais” sejam mais freqüentes na Groenlândia, eles também ocorrem no Alasca e nos “rios” de gelo ao redor da Antártida.

Mais estudos – “Embora o foco de nosso trabalho esteja nos pólos, as implicações são globais”, ressaltou Bette Otto-Bliesner, cientista da Universidade do Arizona. “As plataformas de gelo se derreteram antes e os níveis marítimos aumentaram. O calor necessário para isso não está muito acima das atuais condições”, acrescentou.

As pesquisas, que também contaram com a participação de cientistas do Instituto Geológico dos EUA, mostram que a emissão de gases do “efeito estufa” produzidos pelo homem pode aumentar a temperatura do Ártico entre 3 e 5 graus centígrados no verão.

Essa era, aproximadamente, a temperatura há 130 mil anos, entre a mais recente glaciação e a anterior, quando o nível marítimo era de seis metros acima dos níveis atuais, de acordo com os cientistas. (Efe/Estadão Online)