Secas, tempestades, enchentes e, mais recentemente, furacões, são fenômenos que atingem o estado de Santa Catarina. Com o objetivo de conscientizar e mobilizar a sociedade para discutir e tomar decisões sobre as mudanças climáticas, foi lançado na quinta-feira (23), o Fórum Estadual de Mudanças Climáticas e Biodiversidade, durante o Seminário Meio Ambiente, Mídia e Mudanças Climáticas, em Florianópolis.
A Organização das Nações Unidas informa que 90% dos desastres naturais estão relacionados ao tempo, ao clima e à água. Com base nessa informação, o engenheiro agrônomo Hugo Braga, da Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural, falou da importância de se debater as modificações no clima, como aquecimento global. “Em 1996, a Groenlândia perdia 100 quilômetros cúbicos de gelo por ano. Hoje, esse volume já dobrou”, comenta.
Para o meteorologista e geógrafo da Epagri, Mauricí Monteiro, o tema do congresso também é de fundamental importância, pois faz com que as pessoas parem para avaliar a realidade climática do estado e do mundo como um todo. Ele apresentou vários gráficos que comprovam a redução na amplitude térmica em Santa Catarina – ou seja, a diminuição considerável na variação entre a temperatura máxima e a mínima.
O pesquisador informa que as temperaturas médias estão subindo e o tempo tem ficado mais “abafado” e que isso se deve principalmente ao aumento nas temperaturas mínimas. “No interior, o fenômeno tem se mostrado com mais intensidade do que no litoral, onde o mar é responsável pelo equilíbrio térmico”, acrescenta.
Os estudos da Epagri também registram uma pequena elevação na quantidade de chuvas no estado, com alterações do volume pluviométrico em algumas estações como a primavera, que tem sido menos chuvosa, e o outono, mais úmido. “Isso interfere diretamente na agricultura”, afirma Monteiro.
Já o secretário nacional de desenvolvimento sustentável do meio ambiente, Gilney Amorim Viana, falou das ações que estão sendo tomadas para se reverter, ou pelo menos, minimizar os prejuízos causados pelas mudanças climáticas. A principal delas é o Protocolo de Kyoto, que está em vigor há mais de um ano com o objetivo de reduzir em 5,2% as emissões mundiais de gases causadores do efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2).
Viana criticou profundamente a postura adotada pelos Estados Unidos de não assinar o tratado internacional mesmo sendo o maior poluidor do mundo. Ele acredita que o país, mais cedo ou mais tarde, acabará cedendo às pressões políticas e econômicas tanto externas quanto internas, pois muitos estados americanos já adotaram para si as metas previstas no protocolo.
O secretário destaca o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo como uma solução viável para se lidar com o aquecimento global, pois permite que países desenvolvidos que não conseguem cumprir suas metas de redução comprem créditos de carbonos gerados por projetos de países em desenvolvimento, como o Brasil.
Ele acredita que o mercado das RCEs – Reduções Certificadas de Emissões é uma boa oportunidade especialmente para os municípios que pretendem investir em aterros sanitários – pois as metodologias para criação de projetos é simples e os resultados são satisfatórios tanto econômica como ambientalmente.
“O Brasil é um ativo criador e vendedor de projetos de MDL. Os interessados só precisam saber as regras do mercado antes de se aventurarem, mas vale a pena apostar”, conclui. (Sabrina Domingos/ CarbonoBrasil)