A aldeia Fruta Pão do povo Mayuruna fica a quatro dias e quatro noites de barco do município Atalaia do Norte, do Amazonas. Uma situação que é comum no estado. Um termo de cooperação entre os ministérios da Comunicação e da Saúde deve mudar a comunicação com as etnias mais afastadas. O acordo prevê a criação de 220 telecentros em pontos de atendimento à saúde dentro de áreas indígenas, chamados pólos bases no Subsistema de Saúde Indígena. “O termo será, possivelmente, o grande acontecimento da conferência”, afirma o coordenador nacional do evento, José Maria de França
A plataforma de inclusão digital chega nos pontos mais remotos do país porque é via satélite. Quem implementa a tecnologia e capacita as comunidades é o Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão, que na 4ª Conferência Nacional de Saúde vai “compartilhar” todos os debates com uma conferência paralela, que ocorre em Cabrália, município da Bahia. Lá, cerca de 800 indígenas estão fazendo alfabetização digital para utilizar e multiplicar as ferramentas dos telecentros, com apoio do Gesac. Com esse lançamento na 4ª Conferência, um plano de trabalho para a implementação das 220 unidades também deve elaborado, já envolvendo os participantes de Rio Quente e de Cabrália.
“O Gesac disponibiliza a conexão, uma máquina servidora e os implementadores sociais, que são aqueles que vão às comunidades transmitir as informações para que os usuários se apropriem dessas ferramentas. No termo, a Funasa [Fundação Nacional de Saúde] é que vai disponibilizar os equipamentos”, informa Elaine da Silva Tozzi, uma das coordenadoras de relacionamento com as comunidades. “Ainda vamos fazer um diagnóstico da infra-estrutura dos pólos bases (no subsistema, os pólos são o ponto de ligação mais próximo das aldeias com a saúde pública, depois do agente de saúde; eles ficam em aldeias estratégicas).”
A implantação das plataformas digitais nas aldeias foi toda discutida com as lideranças indígenas do Fórum dos Presidentes dos Conselhos de Distritais de Saúde Indígena, segundo Tozzi. A idéia do programa é construir os telecentros envolvendo as comunidades locais, que vão ter de geri-los após a implementação.
Segundo Tozzi, desde janeiro sete aldeias já têm telecentros, criados em parceria com o Ministério da Cultura. A primeira experiência de inclusão digital em comunidade indígena aconteceu na aldeia Cumaru, em Baia da Traição (PB). O Gesac instalou a tecnologia Voip – um sistema de comunicação telefônico que utiliza a internet para realizar e receber chamadas. Cerca de 280 famílias estão utilizando o sistema.
A inclusão digital permite, em poucas palavras, que a comunidade tenha mais instrumentos para fazer o controle social da saúde, por exemplo. Ela pode cadastrar seus próprios dados de saúde e pode manter contato com os agentes do Sistema Único de Saúde. O controle social integra um dos eixos de debate da conferência. (Radiobrás)