Ao andar por seu hábitat entre as casas dos ricos no distrito de Belgravia em Londres, uma raposa vermelha virou celebridade. “Eu a vi outro dia, na rua Chester, e ela é muito amigável”, disse o Barão Selsdon, membro da Câmara dos Lordes. “Ela vive ao redor das propriedade que são do Duque de Westminster”.
Muito ao norte, Albert Hillel viu, com prazer, gerações de filhotes crescerem em seus jardins, nos subúrbios de Manchester. “Se a raposa fosse um homem, eu acredito que ele seria o tipo de homem com quem você gostaria que sua filha se casasse”, disse o acadêmico aposentado, que escreveu um livro baseado em 20 anos de observação da raposa urbana. “Ela é esperta, confiável, um boa provedora – e não procura briga”.
Desde a década de 30, quando a raposa vermelha comum – Vulpes vulpes – começou a vir para a cidade, os britânicos aprenderam a conviver com a criatura, cujos primos foram caçados com cães até o esporte ser banido, em 2005.
Autoridades do governo dizem que as raposas matam bichos de estimação, destroem canteiros, espalham lixo e gritam durante a temporada de acasalamento. Mas grupos de conservação dizem que a parceria entre homens e raposas funciona bem. Uma pesquisa de 2001, feita pela Sociedade dos Mamíferos, descobriu que 80% dos londrinos gostam de ter as raposas por perto.
Elas são vistas por toda a capital, normalmente à noite. Uma raposa foi vista no mês passado na calçada da residência oficial do Primeiro Ministro Tony Blair. Há uma década, uma raposa entrou no jardim do Palácio de Buckingham e matou oito flamingos da rainha.
Conservacionistas estimam que mais de 30 mil raposas vivem na Grã-Bretanha urbana, atraídas pelos subúrbios florescentes com seus jardins e latas de lixo generosas.
Enquanto muitas pessoas as admiram e até alimentam, outros as classificam como pestes. “Elas podem ter uma reputação de fofinhas, mas as raposas são animais daninhos – elas carregam doenças e há um medo de que possam morder crianças”, disse Selsdon. “A raposa da Belgravia vivem com algum estilo, mas agora está com sarna”. Ele acredita o número de raposas urbanas está aumentando.
A Unidade de Pesquisa de Mamíferos na Universidade Bristol diz que áreas urbanas povoadas por raposas lotaram há anos, e os números continuam estáveis.
A lei britânica não classifica as raposas como animais daninhos, mas permite que elas sejam presas e mortas em áreas urbanas.
As raposas são realmente espertas – elas saem facilmente de armadilhas, e ajustam naturalmente seus padrões de reprodução para compensar abates.
As autoridades londrinas tentaram abatê-las. “Eles tiveram que abandonar a técnica, porque não provocou nenhuma mudança na população de raposas”, disse Graziella Iossa, da Unidade de Pesquisa de Mamíferos.
Na realidade, a Vulpes vulpes está indo muito bem globalmente. “As raposas vermelhas estão espalhadas pelo mundo, exceto na Antártida e América do Sul, e são encontradas em muitas áreas urbanas”, disse Doug Inkley, conselheiro científico na Federação Nacional de Vida Selvagem nos Estados Unidos. “Enquanto nós alterávamos nosso hábitat, elas o acharam de seu agrado”, disse. (AP/ Estadão Online)