A US Geological Survey, órgão do governo americano dedicado à pesquisa geológica e de recursos naturais, está testando três sistemas de aviso de terremotos, planejados para detectar os primeiros movimentos do solo e soar alarmes antes que o tremor se torne perceptível para seres humanos. Esses minutos, ou segundos, poderiam salvar vidas.
Esses sistemas de alerta já existem no México, Japão, Taiwan e Turquia mas, nos EUA, são exclusividade de empresas e serviços que se valem de produtos comerciais. Os testes americanos, conduzidos na Califórnia, funcionarão com a coleta de dados por cientistas, que não emitirão alertas para o público em geral. Um sistema plenamente capaz de funcionar ainda precisará de vários anos e alguns milhões de dólares, mas muitos vêem o programa-piloto como um primeiro passo.
Muitas das redes de alerta que existem no mundo só foram criadas depois de grandes catástrofes, e há quem tema que somente um massacre poderia levar os Estados Unidos a se mexer. Esta não é a primeira vez que a idéia surge: após o terremoto de 1994 no Sul da Califórnia houve interesse no assunto, mas questões de responsabilidade legal e o temor de alarmes falsos impediu o progresso.
Sistemas de alerta prévio não prevêem terremotos. Eles detectam as primeiras vibrações de um tremor e soa o alarme, valendo-se do tempo que as ondas sísmicas levam para chegar à superfície. Isso é possível porque as ondas de choque se deslocam pela rocha a uma velocidade menor que a dos sinais eletrônicos.
Tremores mais fracos, chamados de ondas P, partem do epicentro de um terremoto mais depressa que as destruidoras ondas S, responsáveis pelos movimentos mais violentos do solo. Um alerta soaria quando as ondas P passassem de uma certa intensidade, embora ainda haja debate sobre como interpretar os sinais.
A utilidade do alerta depende da distância entre a área a ser avisada e o epicentro. O aviso prévio seria inútil um locais exatamente acima do epicentro, para onde as ondas P e S chegam quase simultaneamente. Segundo algumas estimativas, comunidades a até 1,6 km da falha de San Andreas – que causou o terremoto de 1906 em San Francisco – poderiam receber um aviso 60 segundos antes da onda de choque.
Apoiadores do sistema dizem que esse tempo poderia dar às pessoas uma oportunidade de se preparar. Críticos alegam que esses segundos dificilmente fariam diferença. (AP/ Estadão Online)