O Serviço Geológico do Brasil (antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, ainda conhecido pela sigla de CPRM) fez nesta quarta-feira (31) o último alerta sobre cheias do Rio Negro: em Manaus, o nível das águas deve atingir o ponto máximo entre 28,73 e 29,23 metros.
A média do intervalo projetado é de 29,98 metros: 88 centímetros acima do pico registrado no ano passado, mas 24 centímetros abaixo da cota de emergência e 71 centímetros a menos do que na maior cheia já registrada pela CPRM, em 1953.
“Em Tabatinga (na fronteira com o Peru e a Colômbia, mais próximo à cabeceira do rio Solimões, no Amazonas), as águas começaram em 11 de maio. O que acontece lá demora entre 15 e 25 dias para ter efeito aqui”, explicou o gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da CPRM, Marco Antônio Oliveira. De acordo com ele, a altura máxima do Rio Negro em Manaus deve ser observada nos próximos dias, embora historicamente ocorra em meados de junho.
O início do chamado verão amazônico é uma boa notícia para as 2.300 famílias da região do Baixo Amazonas que, de acordo com a Defesa Civil estadual, tiveram as plantações e as casas inundadas pelas cheias.
Em Manaus, o secretário municipal de Defesa Civil, Júlio Correa, afirmou que 60 famílias estão sofrendo com o alagamento de parte dos bairros da Glória e de São Raimundo, na região central da cidade, próximo à beira do rio. “Essas famílias estão no que chamamos de grau 4 de risco, que é o mais elevado”, detalhou Correa. “Elas precisariam ser removidas, mas aqui as pessoas gostam de morar em palafitas. Por isso, estamos distribuindo madeira, para que elas ergam o chão de suas casas”.
O nível das águas do rio Negro em Manaus é medido pela CPRM desde 1903, mas o monitoramento mais completo de toda a bacia hidrográfica do Solimões-Amazonas começou apenas em 1989. Ele é feito por meio de 302 pontos de observação, equipados com réguas de medição e pluviômetros. Os ribeirinhos anotam diariamente o nível do rio e a quantidade de chuvas. A cada três meses, técnicos da CPRM recolhem e analisam os dados. (Thaís Brianezi/ Agência Brasil)