O presidente da Funai – Fundação Nacional do Índio, Mércio Pereira Gomes, questionou nesta quarta-feira (31) dados do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas apresentado pelo Cimi – Conselho Indigenista Missionário. Para Gomes, o Cimi computa mais índices de violência do que o real. “O Cimi obtém dados na imprensa do interior do Brasil de morte de índios por conta de vários motivos, entre eles, brigas com brancos, disputas entre eles, acidente automobilístico e suicídios; até briga de marido e mulher é contabilizado”, disse.
O relatório aponta um aumento da violência, principalmente no estado do Mato Grosso do Sul, em terras localizadas próximas a centros urbanos. Os índices de abuso sexual e suicídio são os maiores do estado. O vice-presidente do Cimi, Saulo Feitosa, explicou que “o suicídio está mais limitado ao Mato Grosso do Sul, na população Guarani-Kaiowá. Eles são geralmente adolescentes e jovens que, por falta de perspectiva de vida, acabam se suicidando”.
Segundo o presidente da Funai, a violência constatada pelo Cimi, no estado do Mato Grosso do Sul faz parte, na verdade, de “conflitos de recuperação territorial”. Isso, segundo ele, porque a Funai trabalha em um processo de ampliação de terras perdidas pelos índios Guarani desde a década de 30. “Na recuperação, os fazendeiros que lá estão se acham legítimos, então a Funai tem de chegar e dizer que não são legítimos, porque os índios têm uma legitimidade anterior. Por isso há conflitos. Hoje os Guarani têm 26 terras e outras seis em processo de demarcação”, afirmou.
De acordo com Mércio Pereira Gomes, todas as terras da região são pequenas. Ao todo, são 150 mil hectares para 35 mil índios, que acabam sendo alvo de uma grande disputa interna por espaço. É uma luta em que o estado está ao lado do índio. “Recuperar terra é difícil no mundo inteiro, em alguns países nem se fala mais nesse assunto, mas o Brasil tem se esforçado”, disse. (Milena Assis/ Agência Brasil)