Japão tenta diminuir uso de sacolas plásticas

Compre o almoço e uma revista em qualquer loja de conveniência japonesa e você corre o risco de receber sua bebida em uma sacola plástica, seu lanche em outra, e sua revista em uma terceira.

A sacola plástica mantém sua comida quente, sua bebida gelada e seu jornal limpo, mas os ambientalistas dizem que também cria uma montanha de dejetos plásticos que contamina o ar, polui os oceanos e contribui para o aquecimento global.

O mundo utiliza entre 500 bilhões e 1 trilhão de sacolas plásticas por ano, de acordo com o site reusablebags.com. O Japão é um dos principais usuários, consumindo cerca de 30 bilhões – aproximadamente 300 para cada adulto.

Enfrentando críticas dos ambientalistas, o Japão está tentando agora reduzir o uso do plástico, com um revisão de lei que permite ao governo advertir comerciantes que não fizerem o suficiente para reduzir, reutilizar e reciclar.

A lei revisada foi aprovada pelo Parlamento na última sexta-feira (09). Mas para um país que é famoso por embrulhos elaborados, reduzir será um tarefa trabalhosa.

“Nós consideramos o embrulho uma parte do produto”, disse Shinji Shimamura, porta-voz da Associação de Franquias do Japão, que representa mais de 125 cadeias de franquia no país.

“É claro que é bom reduzir o uso de sacolas plásticas”, disse Shimamura. “Mas não podemos entregar um lanche ou um sorvete aos consumidores sem uma sacola. Isso seria anti-higiênico e muito grosseiro”.

Ainda assim, os hábitos de embalagem no Japão beiram o excesso. Algumas quitandas chegam a embrulhar cada maçã ou banana em uma sacola. E quando estão todas embaladas, elas vão todas para uma outra sacola plástica.

O impulso de embrulhar pode ter suas raízes nas tradições japonesas na hora de presentear alguém, que são mais direcionadas à apresentação do que ao conteúdo. O volume do embrulho também tem um importante significado social – mais embrulho significa mais educação e formalidade.

E as sacolas são tão baratas que as lojas não vêem incentivo para reduzir ou reciclar, dizem os analistas. A conveniência dos consumidores é ruim para o meio ambiente, disse Yoshitaka Fukuoka, professor de ciência ambiental.

As sacolas plásticas gastam recursos de petróleo valiosos e a energia necessária para produzi-las contribui para o aquecimento global. Algumas podem liberar toxinas perigosas quando queimadas, e muitas vão parar no mar, matando tartarugas marinhas e outros animais que podem confundi-las com comida.

Além disso, Fukuoka disse que a lei revisada – com um sistema apenas de advertências – não vai longe o suficiente. “As lojas devem ser forçadas a cobrar pela sacolas. Essa é a única maneira de persuadir os consumidores japoneses a reduzir o número de sacolas plásticas que utilizam”, disse.

A Alemanha, por exemplo, viu o uso de sacolas plásticas diminuir em 70% depois que o governo introduzir uma pequena taxa. Estratégias similares foram empregadas com sucesso na Irlanda, África do Sul, Bangladesh, Austrália, Xangai e Taiwan. (AP/ Estadão Online)